Um dia sem namorado
Hoje é mais um dia como tantos outros: sem namorado.
E como tantas outras pessoas no mundo, eu, sozinha, irei trabalhar; dona de casa, passarei no mercado no final do expediente, falarei com a minha melhor amiga, também sozinha, como fazemos há tantos anos.
Sinto-me nesses dias um pouco marmute, aquele bichinho desengonçado que nas fábulas e historinhas aparece como o ridículo, o a mais em qualquer situação.
Sou eu, a menina só, a jovem solitária, a mulher solteira, mas que ainda tem esperanças de tornar-se uma pessoa casada ainda que na maturidade.
E ser casada é tão somente dividir além da cama, sonhos e contas, projetos e tristezas, mas e principalmente, a vida com alguém. Compartilhar um pouco do seu coração com o ser amado.
Nem sempre estive solteira e das vezes que amei sempre me senti casada, plena, resgatada, em perfeita sintonia com o mundo, que, afinal não é um lugar de solitários, mas um universo de pares.
A solidão é uma criação humana.
Até os filhotes quando perdem suas mães, são adotados por mães de outras espécies, porque a Natureza, mãe soberana, acolhe a todos, indistintamente.
Nós, seres superiores, decidimos que por sermos superiores não precisamos de nada além de nós mesmos, nos esquecendo que uma parte nunca será um inteiro. Mesmo entre hermafroditas há que se ter troca para uma nova vida se formar.
Essa carta, eu dedico àquela pequena parte da população: a dos sem amores. Afinal, pelo que se mostram nos anúncios e proclamas publicitários, parece que 98% da Humanidade está feliz e acompanhada, e cada uma dessas pessoas, hoje, receberá um presentinho de seu grande amor.
Bom dia a todos: com ou sem namorado!