Dizem os textos sagrados, que no inicio, o Deus plantou um jardim de delícias e colocou nele os seres (inclusive nós humanos) para que pudessem gozar as delicias do jardim. 
No jardim há mangueiras enormes, com magas vermelhas. Caquizeiros, com seus caquis sensuais. Jabuticabeiras, com jabuticabas negras, que escondem em sí as doçuras dos mistérios do universo. Parreiras com cachos de uvas verdes e rochas, que convidam a embriagues de seu sabor. Goiabeiras, bananeiras, laranjeiras... Ipês amarelos, roxos, brancos que floriam e encantavam a cada ser. Gameleiras gigantes, que permitiam as crianças brincar em suas raízes. Flores diversas. Rosas, jasmins, margaridas, lírios... Flores silvestres... Rios, riachos, corriam para se deleitar no mar... O canto das cachoeiras, se misturavam ao canto dos pássaros. Toda tarde, uma brisa fresca corria, e permitia a todos os seres sentirem que tudo era muito bom. Os seres, cada um a seu gosto, gozavam das delicias e-ternas... Mas, o humano, ao ver as delicias de todos os frutos e as mais diversas formas de serem gozados, ao invés de experimentar e ir conhecendo a grandeza e variedade do jardim, começou a colocar plaquinhas em todas as arvores, dizendo que este é um fruto bom, este é um fruto mal. Este fruto pode, este fruto faz morrer. Este fruto isto, este fruto aquilo... E o jardim das delícias, virou um jardim com arvores do bem e do mal. Especialistas começaram a explicar o porque o fruto bom era bom e o mal era mal. Um especialista disse que quem determinou isto foi o próprio Deus criador. E começaram a criar mecanismos que puniam os que comiam os frutos proibidos. E começou-se a dizer que o pecado estava em comer os frutos ruins e isto estragava os frutos bons... 
Passou-se muito tempo, e muitos frutos foram jogados fora, muitos proibidos... Mas o jardim das delicias, mesmo com proibições, nunca deixou de produzir seus mais diversos frutos. 
Um dia, um velho sábio, que conhecia o coração dos seres, vendo que não mais se cumpria a ordem da criação, recomendou que se comessem os frutos do jardim, como as crianças, que não sabendo ler, comiam de todos os frutos, das mais variadas formas, gostando do sabor de uns, desgostando de outro, mas, gozando das delícias do jardim, sem se preocupar com as plaquinhas. Conta-se ainda, que alguns, e-ternas crianças, disfarçadas de poetas, ainda podem sentir o vento fresco da tarde, e lembrar que tudo no jardim das delicias é bom, é para ser gozado...

Paz, bem e alegria...