Rompendo a barreira da mente

Mais uma vez a dor em seu rosto a fez chorar e odiar aquele homem que tanto amou um dia.

O sol castigava todo o horizonte avermelhado pelos 42 graus que estivera no dia,o lago quase seco ainda conseguia equilibrar o velho barco que há 8 anos ela havia chegado para de lá nunca mais sair, nem um dia se quer.

Todas as horas e minutos era uma constante força psicológica em sua cabeça e ela depois de tanto tempo, não aguentava mais.

Ele ficava a cada dia mais agressivo e exigente, nada o agradava aos seus olhos, nem seu perfume que um dia ele dissera que amava, agora o incomodava, os cabelos loiros cacheados que ele tanto afagava não existia mais, seu corpo já não era o mesmo depois de 4 abortos e isso também era motivo para brigas constantes, os pratos que preparava com amor e carinho, a casa perfumada, as flores na mesa, tudo era motivo de desagrado.

Neste dia, ele chegou bêbado e foi direto para a cozinha, ela calada, olhou triste para aquele homem de barba por fazer, sem banho, cheirando a álcool e perguntou se ele ia jantar.

Ele a olhou de cima a baixo, olhou fixamente para a barriga e disse: - Você não é nada para mim, o que vi em você?

Ela baixou os olhos, se encaminhou-se lentamente para o quarto, já prevendo o que seguiria após isso.

Ele a seguiu, segurou-a pelos cabelos, jogou-a contra a parede e começou a golpeá-la com socos e pontapés.

Nesse dia ela decidiu terminar com isso, não aguentava mais.

Reuniu todas as forças que ainda tinha segurou uma garrafa que estava na porta do corredor desde o dia anterior que ele dormiu e vap! arremessou contra ele... por sorte ou não, acertou-lhe a testa e aquele homem bruto e abominável tombou ao chão batendo com a cabeça fortemente no degrau...

ela chegou perto, viu seu rosto ensanguentado, pegou um pano para socorrê-lo mas..... desistiu.

Correu para fora, olhou para o campo, viu algumas flores amarelas balançando com o vento, olhou tentando ver o lago escuro e sombrio e não estava mais lá, olhou para o horizonte e viu que ele era enorme em sua volta, nessa hora ela notou que nada mais a prendia, todas as barreiras foram ao chão, ou nunca estiveram lá, só em sua cabeça.

Sua mente, a aprisionou por oito longos anos e só agora ela pode romper as barreiras que a prendiam junto àquele homem.

Simplesmente ela se deixou ir.

Caminhou pelos campos por horas, respirou o ar fresco, deixou que o vento a levasse para algum lugar do futuro onde ele nunca mais a encontraria.

Ela conseguiu romper a barreira da sua alma.

"A mente se deixa aprisionar, construindo barreiras, concretando palavras hostis em nossa volta "

Joaquina Affonso
Enviado por Joaquina Affonso em 15/05/2015
Código do texto: T5242706
Classificação de conteúdo: seguro