RALO ABERTO

A água escorre barrenta pelo ralo aberto no meio da rua.

Sujeiras, podridões, dejetos buscam entrar no pequeno esgoto sujo.

Na entrada (ou saída)? Baratas se engalfinham com ratos, em busca de outros bueiros.

E a água desce sem pressa de sair do meio da rua.

Pessoas buscam evitar a passagem, mas não conseguem, pisam com seus sapatos limpos e elegantes no líquido opaco e mal cheiroso.

Odores fétidos se espalham no ar, triste Rua do Centro da Cidade que mais parece uma latrina.

Ensaio entrar numa loja... Desisto, muita água suja para pisar.

E, o vendedor na porta insiste em gritar:

- Venham, temos ofertas, quem quer comprar?

A água escorre barrenta no Brasil, em Brasília, do Oiapoque ao Chuí (Os ralos foram abertos e a podridão está sendo derramada para o mundo ver.

Quem nos prometeu dias melhores, esqueceu das promessas, porém, escandalosamente a podridão vem à tona.

A certeza da impunidade permite que a sujeira role para baixo do tapete e para fora também, a “Lei” está de mãos atadas?

O que é errado virou a regra e o que é certo a exceção?

Ser honesto é sinônimo de imbecilidade?

Afinal, a sujeira escorre em muitos lugares, consertar os canos e bueiros implicará em retirar os ratos e outros bichos que se alimentam da putrefação, isso parece que não querem fazer.

Portanto, é mais fácil passar a maquiagem, colocar o melhor sorriso no rosto, aparecer na tv por alguns segundos e falar para os bilhões que assistem ao programa político: - Vote em mim, eu prometo...

Plim...desligo o aparelho e vou ler um livro, preciso me dedicar mais à leitura de bons livros.

- Venham, temos ofertas. Quem quercomprar????

"Eu quero me ver em 1996

Pois eu quero saber como vão ser as coisas por lá

Eu preciso me ver em 1996

E dizer sim ou não aos processos de vida de lá.

Outro dia eu sonhei que estava numa arena gigante

Era eu o mais raro objeto vendido em leilão.

Gargalhadas soavam por toda essa arena mercante

E eu era um palhaço sem graça vendido em leilão".

QUEM DÁ MAIS - Antonio Marcos