Afinal, o que querem as mulheres?

A frase marcante de Sigmund Freud, "Afinal, o que querem as mulheres"?, amanheceu ecoando em meus ouvidos. A pergunta formulada pelo pai da psicanálise no século XIX, após trinta anos de estudos sobre a alma feminina, merece ser respondida por uma mulher. Atrevo-me a responder-lhe hoje, com um pouco de atraso, mas com o respaldo de uma história inegável, no dia em que todos os olhares e discursos midiáticos se voltam para nós... Tão estupidamente aviltadas pelo sexo oposto, que sempre se opôs a nos reconhecer como sua igual. Castigadas que fomos pela maldição de Eva, nos metamorfosearam em serpentes traidoras, malignas, bruxas sedutoras dotadas de uma concupiscência desenfreada, ameaçando a santidade masculina. Freud facilmente identificaria ou identificou (mesmo que o machismo imperante de seu tempo não o deixasse admitir) nesse comportamento um terrível medo diante do desconhecido, da outra face revelada. E que face! Bela, delicada, sensível, atraente, sedutora... E ao mesmo tempo forte, dominadora, a que sangra e não morre, que concebe a vida através de um ato eminente de extremo prazer. A fortaleza masculina sucumbiu diante desse fenômeno. Sem saber como lidar com sua própria fragilidade e incompletude, o homem não vê outra saída senão subjugá-la aos seus desejos e caprichos. E assim a dominação covarde ocorreu e ainda ocorre em dias atuais. Estatísticas indicam o crescimento alarmante de agressões físicas e morais contra as mulheres. Salários inferiores são pagos às mulheres em grandes empresas, mesmo estas desempenhando as mesmas funções que o homem, em alguns casos até com melhores desempenhos comprovados. Somos julgadas pela aparência naturalmente sensual e nos acusam de atiçar a libido masculina com roupas impróprias. Ainda nos culpam por sermos mulheres.
Então, Freud, passadas décadas e décadas de sua pergunta um tanto capciosa, te digo que nós queremos...

Que eles não tenham medo de nós, pois não mordemos, a não ser em momentos oportunos e desejosos;
Queremos nos vestir da forma como bem entendermos, sem, com isso, sermos apontadas como prostitutas;
Queremos que reconheçam nossa competência profissional que, em alguns setores, supera a deles e que nos remunerem à altura do que merecemos;
Queremos rosas, bombons, mimos, declarações de amor explícitas, mas também o direito de falarmos palavrão na mesa de um bar (por mais feio que possa parecer, é uma escolha de comportamento);
Queremos o direito ao prazer pelo prazer e o fim da "síndrome da Fórmula 1", por favor menos egoísmo sexual;
Queremos o direito de escolhermos não sermos as rainhas do lar, pois podemos reinar em muitos outros departamentos;
Queremos que parem de tentar criar manuais instrucionais de como entender a identidade feminina. Esqueçam! Nunca conseguirão!
Queremos que nos vejam muito além da nossa porção glútea, pois a nossa inteligência também é sedutora;
Queremos que sejam mais observadores. Percebam e comentem quando cortarmos os cabelos, de preferência no mesmo dia, e não uma semana depois;
Queremos que tenham perspicácia para identificarem quando um NÃO representa um SIM. Não somos nada óbvias.
Queremos que nos surpreendam, pois detestamos monotonia conjugal;
Queremos que vocês se cuidem fisicamente, mas nada do exagero metrossexual. Há certas características masculinas que devem ser preservadas em prol da exaltação do tesão feminino;
Queremos, queremos tanto... Mas, acima de tudo queremos e exigimos RESPEITO. Nos observem e nos descubram um pouco mais à cada dia!
 
Rosimayre Oliveira
Enviado por Rosimayre Oliveira em 25/05/2015
Reeditado em 25/05/2015
Código do texto: T5253931
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