O PEDIDO QUE NÃO PEDI

Ontem recebi um aviso do correio na forma de um papel impresso que dizia assim: "O seu pedido chegou".

Fiquei perplexo, pois não esperava nada. Não compro nada pela internet, não fiz nenhuma encomenda; enfim, não esperava nada de ninguém.

Eu deveria comparecer na agência do correio no centro de minha cidade, distante 5 km do lugar onde moro.

"O seu pedido chegou", esta frase ficou na minha cabeça a manhã inteira. O que seria?

Talvez algum parente do Rio ou de São Paulo tivesse me enviado algum presente, alguma roupa ou algum livro, sei lá.

Devo dizer que não tenho carro, e quando vou ao centro da cidade, vou sempre de bicicleta, pois não gosto de ônibus.

Logo depois do meio-dia lá fui eu. Pedalando e pensando na frase: "O seu pedido chegou".

Havia pouca gente e fui logo atendido. A moça pegou o papel que lhe dei e foi procurar o que eu imaginava ser um pacote.

Mas o que ela trouxe foi apenas uma carta. Melhor dizendo, nem isso, apenas um papel impresso. Remetente: a OI, empresa de telefonia.

Eu tenho telefone fixo pela Oi ao qual também está conectado minha internet.

Era uma simples propaganda, tipo Mala Direta, coisa sem importância.

Assinei o recebimento, peguei a coisa e fui embora, puto da vida.

Pior é que na volta começou a chover, cheguei em casa todo molhado. Mas não me saía da cabeça aquela frase: "O seu pedido chegou".

Que droga, não pedi nada, muito menos aquela chuva.

Mas é assim mesmo, a gente engole sapos, recebe o que não pede e a cada dia se frustra com alguma esperança.

Egon Werner
Enviado por Egon Werner em 29/05/2015
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