Momentos difíceis
 
                                                               
 
                                 "Só o tempo é capaz de compreender o quanto
                                  o amor é importante na vida”.
 
 
 
                  
 
 
 
                      Sinceramente, não gostaria de escrever este texto. Que seja uma exceção.  Não acredito no “escritor engajado em  política”.  A história sempre nos mostrou estes escritores impondo autoritariamente sua visão de mundo. Gosto de escrever com bom humor e contribuir, podendo,  com oportunas observações e reflexões sobre a vida. Os valores eternos, independente de religião ou política, já existem e sabemos quais são: honestidade de propósitos, respeito ao próximo e não fazer aos outros o que não queremos que nos façam, eis a regra de ouro.
                       Não sei se vou ou se fico; ou se fico ou se vou.  Sabe, cara leitora ou leitor, você que agora me lê, talvez com certo espanto, é  que estou me lembrando de alguém, na minha infância, que cantava no rádio uma canção portuguesa e que nos falava dessa indecisão: não sei se vou ou se fico.  É como estou neste exato momento em que  escrevo mais um texto. Nesta sarabanda em que todos estamos metidos, não poderia deixar de comentar outra coisa senão o momento conturbado por que passa a humanidade. A roubalheira surge em todos os cantos do globo e o pior é a violência bárbara, neste caso, nos países chamados do terceiro mundo. Mata-se por qualquer ninharia, por uns trocados, por uma bicicleta, um celular, uma camisa ou tênis de marca. Ideologias radicais nos ensinando a odiar o nosso semelhante. Religiões querendo impor sua visão espiritualista. Agora, para meu espanto, até os mais pacíficos budistas apelam para a violência.
                  Que mundo é esse? Ninguém da área humana, os psicólogos, os psiquiatras, os educadores, consegue apresentar uma solução para a violência gratuita. No Brasil, que já foi a pátria da cordialidade (e a minha geração ainda conserva essa famosa  cordialidade), a onda de violência e de assassinatos nas ruas atinge índices assustadores. Para piorar o quadro, radicais da política alimentam o ódio entre as classes da sociedade. É sabido que para conseguir com facilidade adeptos para seu lado, basta apresentar o outro lado como culpado de nossas infelicidades.  O outro é o demônio. O nazismo, o exemplo  mais marcante para nós, para crescer, apontou os judeus como raça indigna, culpada de todos os males da Alemanha e do mundo.  Todos os “ismos” adotam essa tática mal intencionada. Tenho certeza que nas nossas cidades os assassinatos  em série à faca de pessoas inocentes decorre do ódio implantado nos menores de rua, que pouco a pouco vão perdendo sua humanidade, levados pela deturpação daqueles irresponsáveis que aplaudem o ódio, a desforra, a vingança. Ainda consigo desculpar aqueles que aplaudem o ódio, por pura inocência.  Ao lado disso,  a população que não para de crescer, tornando as cidades verdadeiros infernos, onde ninguém mais se conhece e ninguém mais se entende.  Sair à rua atualmente é grande temeridade. Recordo-me com saudade do meu tempo de menino e de juventude, no Rio de Janeiro, quando ficar na rua era motivo de alegria, num congraçamento gostoso com as pessoas de todos os credos, todas as raças,  todas as origens, de todos os níveis sociais, irmanados pelo gosto de viver, nos ajudando mutuamente, fôssemos do morro ou do asfalto. As pessoas se conheciam e isso fazia toda a diferença! Sou do tempo em que ficar em casa é que era castigo.
                  E ninguém enxerga o óbvio. Nenhuma providência inteligente.
                  Talvez a minha desilusão tenha se tornado maior depois que acabei de ver no Youtube vídeos de pessoas cortando a sangue frio cabeças de gente. Sangue espirrando por todos os lados. E não foi no Oriente,  não.  Foi aqui no nosso lado, no  ocidente. E pensar que a civilização francesa inventou a guilhotina, cabeças rolaram, inclusive a do grande cientista Lavoisier (que nada fizera de errado), me arrepia a alma.
                       Urgente que achemos o  caminho reto e sadio  que perdemos no correr dos anos, para que nos conectemos novamente com as pessoas de maneira honesta e generosa. É a única maneira de sairmos dessa atmosfera assassina. Urgente encontrar o contraveneno para essa barbárie, caso a humanidade ainda encontre forças para se distinguir dos vermes.

                  Enquanto isso, pelo menos neste momento, não posso esperar muita coisa da vida.  Apenas a esperança de  que não aconteça o pior...
Gdantas
Enviado por Gdantas em 02/06/2015
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