"Instintos embriagados"

Dizem os pesquisadores que as mulheres entre os 30 e 40 anos

vivem a idade da "loba": auuuuuuuuuuuuuuu!!! A ovelhinha que se

cuide, pois estou perigosamente sedenta.

Mais contesto parcialmente esta pesquisa fundamentando-me

na teoria de que: quanto mais velho, melhor! É, pelo menos é assim

que pensam os vinicultores afinal, quanto mais velho o vinho, melhor

será. Considero-me uma boa garrafa de vinho "parcialmente

adormecida e envelhecida" a espera de um "saca rolha" eficiente e

cuidadoso para liberar-me (sendo eu, o próprio vinho).

Encontrar um “saca rolha” eficaz requer um árduo trabalho

de pesquisa: há aqueles que enganam pela aparência, outros que se

fazem quebrar rapidamente e entre outros que nem vale a tinta

comentar.

Embora o mercado nos proporcione uma vasta quantidade e

modelos, sempre se faz necessário o famoso “teste”. Mas nem sempre

encontramos um que atenda totalmente as nossas necessidades.

Mas, deixemos o “saca rolha” de lado, falemos sobre o vinho

e a idade da loba, que são exatamente o objeto desta crônica.

Entre os 30 e os 40 anos as mulheres tendem a se

preocupar muito mais com conteúdo do que com estética, embora

algumas consigam harmonizar os dois, nem sempre o primeiro supera o

segundo. Mulher bonita e burra nenhum homem merece.

Imagino que na escolha de um bom vinho, o apreciador

deva, no mínimo, experimentar gole a gole cada tipo. Fazendo assim o

tão esperado “humm, este é bom!”, mas e como será a mulher

estando na idade da loba? Escolhe, é escolhida ou opta pelo aleatório?

Se bem que eu poderia responder, mas devo ficar na

imparcialidade, não se trata “apenas” da minha opinião. Toda mulher

(inteligente e criteriosa) analisa muito bem o chão onde está pisando,

age exatamente como uma loba: passos silenciosos, olhares

meticulosos e boca bem aberta, pois na hora do ataque não permite

sua presa qualquer reação.

O tom pejorativo deste termo “idade da loba” remete

diretamente ao auge sexual (óbvio que tem um fundo de verdade),

mas não é somente isso. Somos a mescla da experiência, sutileza e

sobriedade, se bem que há muitas lobas que adoram misturar vodka

com suco de laranja. Adeus sobriedade!

Ser loba e vinho envelhecido tem lá o seu sacrifício: imagine

o que não fazemos para mantermos a vitalidade sem perdermos o

gosto da uva? Não é fácil, tenho pensado muito a respeito, e nunca

consigo chegar a uma conclusão: creio que sou um vinho esquecido

em alguma adega gaúcha (ou seria mineira? Paulista?).

Não desprezo nem o vinho e nem a loba, mas prefiro vestir-

me de loba (num modelinho bem sensual) e oferecer uma taça de

vinho (oferecer!!! E não ceder). É bem mais fácil acreditar numa teoria

praticável do que rotular uma loba ou um vinho apenas por serem

ícones de fantasias ou fetiches.

A teoria muitas vezes não estabelece uma relação amistosa

entre objeto pesquisado e pesquisador: Sabe-se lá quem executa o

processo de envelhecimento do vinho (neste caso, o tempo) se estará

de bom humor ou não? E quanto à Loba, será que sua presa irá instigá-

la no ato da caça?

Mas como teoria nem sempre estabelece a plenitude em sua

prática, sigo meus instintos sem pensar na loba que está inclusa em

mim e nem muito menos no vinho, que há de ser um dia saboreado.

* Fiquei "matutando" sobre o que conversamos ontem e cheguei a conclusão que.... prefiro arriscar!

Declaradamente você é (se quiser) o meu saca-rolha!