Sobrecarga

Bem, sobrecarga é um bom título, o título mais apropriado, por que, isso é uma sobrecarga.

Eu nunca senti meu corpo, tão pesado pela manhã, pela madrugada, meu relógio toca, me desperta e eu o desligo, por umas duas ou três vezes, até que eu me levante. Depois de me levantar, sinto um pesado arrependimento.

A obrigação de ter que seguir uma rotina, ser tão normal e repetitivo, tem sido uma tortura para mim, tem sobrecarregado minha cabeça, Após levantar, vou escovar meus dentes, pesadamente, com o braço pesado e eu escovo e escovo e de novo mais algumas vezes, me sinto como uma máquina de produção de uma fábrica, me movendo, pois, eu fui feito para mover-me... E logo após, escovar meus dentes, percebo que minha boca está sangrando; cuspo creme dental e sangue, até que faz uma cor bonitinha, mas, com um maldito gosto de ferro, na verdade, todas a s manhãs, acabo machucando minha gengiva, escovando sem parar, então, para mim é tão natural esse gosto, pode ser que, essa seja a intenção, iniciar o dia, com o bom gosto de sangue.

Meu café da manhã, bem, eu não sei exatamente o que é isso, alguns dias, é como numa novela, com tudo o que eu quero na mesa, pães, biscoitos, suco, leite, café, tudo que você possa imaginar e é bom, porém, alguns dias, é apenas café e nem tão quente assim, o que faz ele ficar enjoativo, esses dias, acabo tomando apenas um terço do café, que pecado... O bom caminho, para se começar o dia, ó senhor.

Mas, por acaso, hoje eu degustarei cachorro quente, para o café da manhã, é loucura, mas, bem legal, está servido(a)?

Eu tenho que sair, tenho que trabalhar, tenho que arrastar a mim mesmo, como um grande saco de lixo e não do tipo reciclável, Eu cheiro mal, mas, meus perfumes importados o disfarçam bem, tons amadeirados, algumas garotas amam isso.

Esse é o princípio da minha vida, disfarces... Minhas fragrâncias, para disfarçar meu fedor, minhas medicações tarja preta, para disfarçar minhas constantes dores, medicinas que consigo, sem a concepção de um médico, você sabe, eu conheço um cara, que conhece um cara e por aí vai.

Que horas são essas, que se arrastam e rastejam, pelo chão do próprio tempo, de fato que, eu tento esconder à mim mesmo, de relógio, sim, o mesmo relógio que me despertou e agora, estou tentando me livrar dele, por que, me assusta saber que o mesmo tempo que está se arrastando, é o mesmo tempo, que estou perdendo.

E o sol se põe, como uma onda de cansaço, meus olhos ficam pesados e ficam vermelhos e ficam fundos, a noite traz isso, traz lembranças, todas ao longo do dia, ao longo do trabalho, eu não quero nada, eu não preciso de nada, apenas ficar aqui, sozinho, vou programar o relógio para amanhã, eu acordarei alguns minutos mais cedo, para fazer um cafezinho fresco e um bom pão com manteiga, sim, algumas coisas, não podem ser mudadas, pois nós não podemos mudar, ou, podemos?

Henrique Sanvas
Enviado por Henrique Sanvas em 10/06/2015
Reeditado em 07/09/2020
Código do texto: T5272877
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