Sob o amarelo do sol: a pergunta... 


              O mar valsando, incansável. O menino, sentado na areia, observa a espuma das ondas que arrebentam compassadas e incessantemente. Apesar de distante da água, sente a brisa lhe afagar o rosto e o cheiro salgado do mar, lembrando peixes. O calor lhe agasalha e conforta. Sob o amarelo do sol, o leito de água marítima brilha, como se o céu da noite, estampado de estrelas o cobrisse, agora, feito manto. 
           Com tantos sentidos alertas o menino está feliz. No entanto, paira sobre ele a pergunta: “Como será a voz do mar?” No silêncio de seus ouvidos, passagem vetada a qualquer som, a curiosidade se aguça, sem ansiedade ou dor, curiosidade simples e pura. 
              Levanta-se e aproxima-se, vagarosamente, da imensidão transparente. Toca-a com as pontas dos pés e sente a frialdade. Avança. Agora as marolas já chegam aos seus joelhos, mas ele não recua, quer saber; descobrir como é o barulho das ondas. De repente, a massa se levanta em majestade e dele se aproxima altiva, rápida, ligeiramente, violenta. O sorriso da compreensão toma-lhe o rosto, os olhos, os gestos. Agora, o garoto sabe. Sentiu o ruído do mar, vibrando dentro dele, tomando-o por inteiro. A pergunta foi respondida. 
               Volta para a praia aos pulos, pleno de alegria, com todos os sentidos satisfeitos.