Pássaro Grande: Uruaçu (historicidade, folclore)

Situada ao norte do Estado de Goiás, distante da capital em média trezentos km; Uruaçu é no Norte goiano uma preciosidade. O nome Pássaro Grande de raízes indígenas, deu-se em virtude da analogia designada pelo porte descomunal de uma ave silvestre abundante por aqui nos primórdios da colonização : O Gavião Real.

Uruaçu é conhecida e reconhecida no Estado por suas particularidades. As tradicionais festas folclóricas, a pecuária com seus animadíssimos rodeios e shouws, o turismo campestre bem como o aquático trazem pra Uruaçu diferentes gerações de turistas atraídos pelo que mais lhe agrada. As belezas naturais das cachoeiras, o encanto mágico das paisagens do Lago Serra da Mesa com suas praias artificiais, as reconhecidas cavalgadas, o carnaval de rua, o reveion, o tradicionalismo da Festa do Caju, permitem diferenciadas atrações aos visitantes que se esbaldam divertindo à seu gosto e modo.

As cachoeiras são inúmeras. Localizadas em diferentes regiões, permitem que se descubram características únicas de cada local. O frescor das matas, a exuberância dos cerrados, o azul das águas e o mágico despencar das águas em suas inúmeras cascatas impressionam a quantos por aqui pisam. A Cachoeira de D. Maria é a mais famosa. Retratam uma paisagem cinematográfica, nos remetem às mais belas e antigas histórias! O Lago Serra da Mesa nem se fala! É de uma beleza ímpar! Uma das atrações que mais encantam os turistas por seus passeios de jet sky, por do sol encantadores, pescas de bordo ou arranchadas. Conta ainda com excelentes serviços de hospedagens em pousadas cinco estrelas; variedades de pescados in natura para os afccionados, ou os diferentes pratos típicos de pescados nos famosos flutuantes na Praia Generosa.

O cerrado goiano é riquíssimo em variedades frutíferas. Tem sabores, gostos, texturas que incitam aos olhos e ao paladar. O caju, o pequi, o gravatá, a mangaba, o buriti, a macaúba e tantos outros permitem variado e deliciosos cardápios silvestres mui peculiares, naturais.Saem do sertão pro prato, pro paladar, pro gosto de cada cidadão !!!. Ofertam-se inúmeras variedades de sabores aos visitantes.

Uma das referências que mais caracterizam o tradicionalismo e o folclore regional é a animadíssima Festa do Caju.

Um fato mui curioso do nosso folclore regional, remete-nos aos primórdios do povoamento da antiga Pássaro Grande. Lá se vão anos e anos dessa história guardada e resguardada. Durante a construção da extensa estrada Belém Brasília, nos anos da República Velha, quando por aqui aportaram engenheiros, empreiteiras, máquinas e operários, a integração das culturas, provocou um reboliço nos valores religiosos, sócio culturais da pequena Pássaro Grande. Advém dessa época, a mais tradicional festa folclórica regional .

A Festa Do Caju, além de proporcionar aos visitantes farta mesa com pratos típicos, danças em diversos rítimos, rodeios de truco, divertidas rodas de bate papos e um ritual religioso perpetuado por décadas. Tradições festivas que nos remetem ao período colonial. Nela é servido aos convivas um banquete típico oferecido pelos integrantes da comissão festiva. Grupos tradicionais de danças se apresentam ao sons de violas, violões, pandeiros, tamborins, sanfonas; harmonizado em toadas peculiares do festejo; mantem assim , acesas a originalidade dessa animada festa popular. Umm festejo religioso mui popular, dançante. Ocupa os espaços da frente da casa bem como os arredores ornamentados com fogueiras, altar, mesas de comidas, bebidas, fogos animados pelos namoricos, e muita prosa !

A popularidade da festa fez sua história na pessoa do Sr. Dilberto Rodrigues. Filho e neto de escravos, trazia no sangue a vivacidade da cultura afro em seus trejeitos da fala, na jinga da dança, do andar, e no mítico simbolismo da fé. O nome da referida festa nos remete a um fato curioso. Muitos contam e acreditam que o nome originou-se pela abundância de cajus na região. Nada a ver. O nome da festa, por mais absurdo que pareça ser, nada mais é que o cognome do mentor e idealizador do animado sarau. Vai saber o porquê?

Contam alguns que o Sr. Dilberto, trouxe o apelido desde a infância. Outros falam que ele tinha um sózía com tamanha semelhança e que ninguém nunca sabia seu verdadeiro nome. Chamava-se Caju; pronto e acabado. Dizem outros que quando a caravana de empreiteiras da construção da Belém Brasília por aqui aportou, bem lá nos seus primórdios, com o Engenheiro Bernardo Sayão no comando. As empreiteiras chegavam, alojavam, se enturmavam com a comunidade. Surgiam então as muitas permutas no processo sócio cultural entre a população local e os chegantes. Ambos se acresciam de costumes diferentes dos seus. Enriqueciam a fala, os modos, até os apelidos se multiplicavam...Neste rico contexto de intercâmbios, trocas, surge mais uma variante do discutido apelido do Sr. Dilberto.

Entre os trabalhadores do Engenheiro Bernardo Sayão, idealizador e construtor da rodovia, havia um moreno carregado na cor negra. Vistoso, boa pinta, apelidado de Caju. Como a população inda era mui pequena, todos se misturavam pelos botequins, rodas de prosa, festejos ou noutros similares ajuntamentos. Era comum o jovem Dilberto ser confundido com o funcionário da empreiteira. Tamanha semelhança chegou a confundir até os namoros, raparigas, moçoilas casadoiras nas noites de festas à luz de lampiões ou candeias ! Dilberto era um cidadão comum. Tinha apenas um jeito livre, alegre, descontraido; era forte, bem apessoado, bom parceiro de danças; trazia no sangue a malícia, o jingado, a vivacidade dos escravos, marca de seus antepassados. O outro não perdia em nada pro sr. Dilberto; inda acrescia ao seu currículo a fama de motorista do engenheiro Bernardo Sayão.

Tal era a verossimilhança entre eles que o apelido pegou de vez ! Construiu-se a rodovia. O Caju original se foi e o Sr.Dilberto perdeu o nome; ganhou um cognome que por tradição virou festa folclórica até aos dias de hoje. Todos os arredores o conheciam, reconhecem a fama da festa. Hoje participam, propagam, admiram, mantendo acesos o forte tradicionalismo do folclore em honra ao Sr. Caju,ou Dilberto Rodrigues.

CAJU !... nome de fruta à nome de festa e do Sr. Dilberto!

... e viva a Festa do Caju !! !

Uruaçu ,04/07/2015 (aniversário da cidade)

Parabéns Uruaçu, 85 anos de histórias.(2015)

***** A festa é realizada nos dias anteriores e subsequentes aos santos Antônio, S. João e S. Pedro; culminando com o dia de S. Pedro : 29/06 .

Eula Vitória
Enviado por Eula Vitória em 14/06/2015
Reeditado em 11/10/2020
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