Like a Rolling Stone

O primeiro sorriso que recebi hoje, veio de uma guria vendendo balas de goma no sinal. Ela não me pediu que comprasse a bala, apenas deu-me o sorriso e eu retribuí. O dia tinha começado com a batida do dedinho do meu pé na quina da porta, e eu não queria me apegar à ideia de que esse pequeno desastre seria presságio de dia ruim.

Depois disso, poucos sorriram. É difícil entender a cólera do mundo. Algumas pessoas simplesmente escolhem sorrir, ainda que não pertençam ao lugar onde (não) se encontram.

Quanto a mim, ando me contendo nas palavras com medo de me expor demais, embora eu perca um pouco as rédeas quando escrevo. E passo o dia desejando que estas atitudes não apague o sorriso de ninguém. Inclusive o meu.

Fato é que compaixão é o supremo bom coração, mas existe uma linha tênue entre precisar de algo e ser alvo de pena. Piedade também dói, já que nem sempre nos sentimos precisados dela. Diferente da gentileza.

Eu sei que vou sentir vontade de comer balas de goma mais tarde. Amanhã a menina distribuidora de sorrisos ainda estará no sinal? Isso o Regime deixa? O mundo está em cólera.

*Like a Rolling Stone, de Bob Dylan, completou 50 anos essa semana. Não é difícil imaginar pessoas que precisam ouvi-la. Sorriam mais!

......

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 18/06/2015
Reeditado em 18/06/2015
Código do texto: T5281430
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