ANOS SESSENTA

"Uma fotografia é apenas uma imagem num pedaço de papel, mas uma dedicatória ficará para sempre na memória de quem a recebe", o alto falante repetia este slogam procurando atrair os jovens enamorados para dedicarem uma música a sua musa. As garotas um pouco mais ousadas, também usavam esse serviço na tentativa de fazerem a flexa do cupido atingir o coração do seu galã, o qual nessa hora, passeava na pracinha da igreja Nossa Senhora de Fátima, que naquele domingo fazia a sua festinha mensal.

Essas festinhas, eram um primor, nos meados da década de sessenta, e os jovens com as poucas opções de lazer, aguardavam as tardes, onde rolavam olhares, que conduziam a encontros, onde as mãos se encontravam .... esses encontros aconteciam através de bilhetes, que eram levados por entregadores, mediante um pequeno pagamento. Havia também a brincadeira chamada "cadeia", era um local formado geralmente por um aglomerado de classes escolares, para onde o interessado mandava ficar o seu candidato que depois era liberado, momento em que provavelmente o namoro iniciaria.

O som do alto falante bradava "Oh!!! deixa essa boneca faça-me o favor..." sim, elas já tinham deixado as bonecas, e estavam ali, caminhando, passeando, os olhos olhando enquanto a tarde se ia e antes da noite, quem sabe...um beijo acontecia....