A ausência do amor
 
 
 
                             "Em certos pontos, a certas horas,                                                         contemplar o mar é sorver um veneno.     
                                  É o que acontece, às vezes, olhando 
                                   para uma mulher". Victo Hugo

 

 
 
 
                       Vou falar do nosso presente, abandonarei um pouco o meu passado, que,  aliás,  foi maravilhoso, pois vivi a época de ouro, a década de 50.   E falarei bem alto, como quer a Bibi Ferreira de hoje. Diz ela que o maior conselho do Procópio, pai dela, era que a filha falasse alto, para todo mundo entender.  É certo que no período romântico que vivi com o maior entusiasmo, minha professora de francês, Madame Baliná, fazendo biquinho, dizia assim para os alunos: -“ Falemos baixo” (parlons bas). E ela se derramava no romantismo, citando principalmente o poeta Chateaubriand. Pois bem, caros amigos e amigas, a época de 50 foi notável justamente por causa do romantismo. A cidade inteira do Rio de Janeiro era romântica. Até os poucos crimes da década eram praticados por amor. Poderão dizer os mais endurecidos de hoje: - “Matar por amor?” Sim, amor patológico, mas era amor. O amor estava sempre acima de qualquer outro interesse mesquinho. 
                  Talvez os mais jovens reajam ao que vou dizer, mas é a pura verdade. As prostitutas de então namoravam seus clientes. O Rio era movido pelo amor. Fiz esse intróito para dizer e lembrar o que os antigos gregos nos ensinavam. Em todas as épocas da vida humana, estamos sempre envolvidos com três problemas: a religião, a sociedade e a natureza. Acabamos todos brigando por causa de religião, digladiamos dentro da sociedade e acabamos por brigar  também com a natureza. A sacada dos gregos vem agora: diziam eles que há momentos em que  há prevalência do amor e em outros prevalece o ódio.
                  E eu tenho certeza que vivi o momento em que prevalecia o amor. Poderia aqui dar inúmeros exemplos, inclusive exemplos meus. No entanto, se fizer isso a crônica vira ensaio e não tenho essa pretensão. Apenas deixar no ar essa dica dos gregos antigos.
                  Posso até citar um exemplo da beleza do romantismo, que extraí de um livro do grande Victor Hugo, um dos precursores  do romantismo na França. Desafio que haja exemplo igual nos dias de hoje.
                        Vejam como ele se expressava a propósito de uma moça do seu tempo:  - “ Há criatura que tem consigo a magia de fascinar tudo quanto a rodeia; às vezes nem ela mesmo o sabe, e é quando o prestígio é mais poderoso; a sua presença ilumina, o seu contato aquece; se ela passa, ficas contente; se para, és feliz; contemplá-la é viver; é a aurora como figura humana; não faz nada, nada que não seja estar presente, e é quanto basta para edenizar o lar doméstico; de todos os poros sai-lhe um paraíso; é um extase que ela distribui aos outros, sem mais trabalho que o de respirar ao pé deles. Ter um sorriso que – ninguém sabe a razão – diminui o peso da cadeia enorme arrastada em comum por todos os viventes, que queres que te diga? É divino. Déruchette tinha esse sorriso. Mais ainda, era o próprio sorriso. Há alguma coisa mais parecida que o nosso rosto, é a nossa fisionomia; e outra mais parecida que a nossa fisionomia, é o nosso sorriso. Déruchette, risonha, era Déruchette.”
                        Penso que esta citação poderá dar uma ideia aos amigos do clima daquele Rio moleque de que não me canso de relembrar.
                        Claro, o amor pode ser doentio como aludi acima. A loucura em maior ou menor dose sempre existiu. E sentimos tudo piorar em razão do excessivo aumento populacional.  De maneira geral ele, o amor saudável, é extremamente benéfico para a sociedade.
                        No entanto, o que vemos hoje é criminosamente até os governos  do mundo instilarem o ódio.  Daí viver o que estamos vivendo neste louco modernismo.  
                        Urgentemente, para enfrentar melhor a fatalidade da vida,  precisamos cuidar  do principal:  do coração humano.                    
Gdantas
Enviado por Gdantas em 24/06/2015
Reeditado em 11/10/2015
Código do texto: T5288441
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