Em tempos de coxinhas e petralhas

Meu nome é José. José Luiz. Este é meu desabafo. Tenho certeza que ao final vocês me entenderão. Sou casado. Melhor, era casado. Eu tinha um casamento feliz. Uma mulher bonita, que sabia cozinhar, lavar, passar, mas que não gostava de trabalhar fora, mas também não precisava. Eu trabalhava por nós dois.

Meu casamento era bom de verdade. Pensei que ficaria casado para o resto da vida. Santa ignorância a minha. Um dia cheguei mais cedo do trabalho e peguei minha mulher com outro. Eles estavam na nossa cama. E ela esta fazendo com ele coisas que nunca tinha feito comigo. Pensei na hora em matar os dois, mas sou um ser racional e em minha racionalidade fiz o que um ser racional faria: Um escanda-lo e uma separação.

Fiquei solteiro por pouco tempo. Verdade que até sonhei em ficar sozinho pelo resto da vida, mas não deu. Minha ex-mulher começou a me atentar. E-mails, mensagens de celular, recados pelas redes sociais. Pedidos desesperados de perdão.

Eu sei que não devia perdoa-la. Não devia e de inicio não perdoei. Ela não desistiu. Me fazia entender o quanto estava sofrendo por estar sem mim. O quanto estava arrependida e clamava pelo meu perdão.

Sou uma pessoa racional e na minha racionalidade entendi que todas as pessoas merecem uma segunda chance. Eu sei, muitas pessoas podem me julgar de maneira errada neste momento, dizendo que fui um tolo, que merecia sofrer, mas eu fui racional. A mulher me amava, eu ainda a amava, devia fingir que nada estava acontecendo? Claro que não, eu a perdoei.

Quando voltamos, tirei férias. Fizemos uma viagem a Havana. Você já foi a Havana? É uma cidade linda. Tem uns restaurantes muito bacanas, hotéis maravilhosos e um povo muito acolhedor. Havana é linda.

Foi como uma nova lua de mel, mas desta vez foi melhor. Porque agora eu sabia que ela podia fazer coisas que ela se recusava da primeira vez e que agora não podia negar. Ela estava na corda bamba e eu me aproveitava prazerosamente desta posição.

Quando voltamos, reformamos a casa, fizemos planos de fazer outras viagens e começamos inclusive a planejar um filho. Eu sempre quis ser pai, mas ela não gostava da ideia, mas agora, ela aceitou de bom grado. Fomos inclusive visitar um médico para fazer as coisas de maneira correta.

Ela se tornou muito mais carinhosa. Ligava para mim no meio da tarde. Me esperava sempre com uma lingerie linda. Estava vivendo no paraíso. Claro que eu me cuidava mais, afinal de contas gato escaldado tem medo de água quente, mas posso garantir, a minha mulher, aquela que tinha me traído, tinha simplesmente desaparecido, ao meu lado estava a mais compreensiva das esposas, a mais adorada das namoradas, a mais safada das amantes.

Meu casamento voltou a ficar bom. Eu estava feliz. Feliz de verdade. Até que tudo aconteceu. Ela me traiu de novo. Uma traição pela segunda vez, mas desta vez com muito mais força. Um de tipo traição que eu jamais imaginei. Algo que me fez pensar: “Meu Deus com quem eu estava casado todo este tempo?” “Eu não acredito que ela pode fazer isso?” “Como eu não percebi isso antes?”

Tudo aconteceu de maneira tão publica e descarada que eu senti vergonha de mim mesmo. Eu jamais aceitaria. E desta vez eu somente não a matei porque ela escapou a tempo. Eu a escorracei de minha casa e de minha vida de uma vez por todas.

Era uma tarde qualquer e eu estava no trabalho. Entrei no facebook para conferir como estavam as coisas e lá estava a maior traição que eu já sofri na vida. Escancarada para todos verem. Quando eu vi, me deu vontade de chorar, gritar, esmurrar. Meu deu vontade de matar e de morrer.

Estava lá escrito no facebook dela para todos verem. Eu poderia perdoar uma mulher que teve um caso com outro homem. Eu até aceitava ser chamado de corno manso pelas ruas, mas jamais continuaria casado com alguém que critica o meu partido e a minha presidenta. Ser casado com uma infiel traidora: Isso eu aceito. Ser casado com uma coxinha: Aí já é demais.

Jonas Martins
Enviado por Jonas Martins em 24/06/2015
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