O ÚLTIMO MACHÃO

O Último Machão

Sexta-feira,dia internacional da liberdade. Nesse dia, com opção para outro, gatas, gatos, cachorros e cachorras, soltam seus miados e latidos de carência, despreendimento e principalmente de liberdade.

Num dia desse estava eu passando por uma dos locais de reunião da moçada, em Olinda, quando ouvi um grito frenético

- Manueeeeeeel, cabra bom!

A principio pensei se tratar de outro Manuel, mas dei o breque e encarei, era Tonhão. Velho amigo de outros tempos, dos tempos que existiam percentuais mais elevados de gatas e gatos. Olhei a clima e vi que: o abrei-te boca, escancara-te goela, prepara-te bucho que lá vai ela!, já havia se repetido por mais de uma vez, arrisquemos mais de cinco, talvez. A alegria, o entusiasmo, a sensação de tudo pode, estava no ar. Num pensamento relâmpago, revivi aqueles tempos passados, tempos bons: fuzacas e mais fuzacas. Hoje, casamento, filhos, trabalho, me deixaram distantes do convívio, mas tonhão estava ali, não havia mudado nada: gato de protidão, preservando o pedaço, alegrão, meninão, festeiro. Me deu um abraço de bebida e de saudade.

- Cara, quanto tempo, o que é que tens feito. Só passas, não aparece mais! - e no meu ouvido - precisavas ver as gatas que pintam aqui, malandro, de primeira grandeza! Princeesas. Só gostosooonas.

Se afastou pegou o copo e ergueu em brinde aos velhos tempos. Na mesa já havia um copo vazio emborcado só esperando a compahia, encheu e me deu, brindamos.

-A nós que nossas mulheres nunca fiquem viuvas!

-Bicho!, Tonhão, tu não modou nada, estas inteiraço. Cadê Marisa, tá em casa?

- Estás por fora, separamos. Não deu mais certo, já houve, depois, Joana, Antonia, Severina Ângela... Estou só novamente, livre! Graças á Deus, rapaz eu estava sufocado. Liberdade ainda que tardia. E você cara me fala de você? Quanto tempo, hein? e a Lúcia? Amor roxo. Num me diga que separou também!

- LÚCIA e eu estamos casados, temos 3 filhos, todos já crescidos somos felizez, graças à Deus e, te conto a melhor, é CANDIDATA A VEREADORA.

Tonhão me olhou bem nos olhos, entre incrédulo e indgnado.

- E você deixou?! Cara, cadê você meu irmão, perdeste a faixa presidencial, foi?

- Deixei, disse timidamente. Observando a distância que havia na nossa forma de encarar as coisas, minha e dele..

-Só não me diga que no número tem 11;

- Tem, é 11537, por que?

- Meu irmão, tudo está perdido nem Deus te salva.

- de que Tonhão?

- Só para confirmar, quem quis o número 11?

- É do partido, por que?

- Ainda bem, você ainda pode ter salvação!

- Mais do que é que você está falando rapaz? desembucha homem!

- Amigo, amigo! O onze se inclinar um pouquinho para os lados contrarios parece e é um chifre, certo. Não quero isso para você.

- Mas e a LÚCIA? não conta.

- Que tem a Lúcia?

- É ela a candidata! Mãe de meus filhos, você conhece desde muito tempo, mulher integra.

- Mas é mulher homem, você não devia ter deixado.

- Homem, homem só por que casei eu tenho que mandar nela. E ela fazer o que eu quero. Tonhão acorda para Jesus, Tonhão.

- Sei não, mulher é mulher! Num pago as contas? então mando!

- Tonhão, a época de mulher domestica já passou. Aliás, muito aliás, desde muito dependemos delas, até para nascer. E também te digo, pela mulher há sempre uma família estrutura, se depende dela. Ei cara, cadê as gatas que você disse que aparecia aqui?

- É hoje tá meu vazio, não apareceram, tá fraco.

- Então vamos beber rmais uma, aos velhos tempos e a 11537, é diferente.

Deu minha hora fui para casa. Tonhão ficou lá, livre, curtindo a sua inevitável solidão.

MANUEL OLIVEIRA

Manuel Oliveira
Enviado por Manuel Oliveira em 16/06/2007
Código do texto: T529320