FESTAS JUNINAS

Em meus tempos de criança e de adolescente uma das festas que eu mais gostava era a de São João. Não só porque o santo é meu xará mas porque era uma festa farta. Muita comilança, fogos, fogueira, danças das músicas de época.

Meu avô, que também era João, trazia o foguetório. Fósforos de cor, rojões pequenos, bombinhas, traques, chapéus de palha e enfeites para colorir o quintal. Morávamos numa casa grande que tinha um quintal grande também. No dia anterior meu pai já cuidava de carpir e arrumar o local onde ficaria a fogueira e fazia os bancos em volta da fogueira. Minha mãe preparava o quentão, fazia cocadinhas, arroz doce, canjica. Minha avó trazia o bolo de fubá mais gostoso do mundo, paçoquinhas e outros docinhos que a gente só comia na venda do "seo" Emilio, no dia do pagamento da conta que a família tinha lá, tudo anotado numa caderneta.

Começava a festa quando meu pai e meu avô soltavam o foguetório. Uma barulheira de estalidos no ar, uma festa de cores explodindo sobre nossos olhares encantados. Então meu pai acendia a fogueira. Geralmente era grande a fogueira feita com restos de madeira acumulados durante o ano. As mulheres (minha avó, minha mãe e minhas irmãs e minha tia) já tinham arrumado o banquete na mesa de madeira montada sobre cavaletes com as toalhas mais bonitas para a ocasião. A garotada, comia muito porque se perdiam diante de tanta guloseima. Depois ficavam em volta da fogueira queimando um graveto aqui, outro ali, soltando bombinhas e brincando no meio dos adultos. Os adultos ficavam sentados em volta da fogueira contando casos, falando sobre tudo e sobre todos. E assim a noite nos abraçava e nos embalava em sonhos lindos que se tem quando somos felizes.

João Mafra
Enviado por João Mafra em 02/07/2015
Reeditado em 03/03/2016
Código do texto: T5296924
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