O fenômeno das ruas vazias

O FENÔMENO DAS RUAS VAZIAS
Miguel Carqueija


Um padrão bastante irritante, muito comum em desenhos norte-americanos de super-heróis e, também, em muitos infantis, e que aparece mais raramente nos animês, é o das ruas vazias, de cidades grandes.
Explicando melhor: cenas até demoradas, seja com lutas, perseguições, até batalhas encarniçadas com utilização de poderes paranormais, com explosões... e só os protagonistas — isto é, os personagens envolvidos, e seus veículos — aparecem.
Essas sequências se sucedem á luz do dia, em grandes metrópoles, e até em ruas cercadas de arranha-céus. Ninguém olha das janelas, ninguém mais, fora os envolvidos, aparece; nem outros carros, e muito menos a polícia. E olha que muitas vezes a cena é barulhenta.
Até parece que esses desenhos se passam em cidades-fantasmas, sem habitantes.
Gente, isso irrita, sim. É uma tremenda falha de verossimilhança. É mais fácil acreditar que um super-herói ou super-vilão lance raios de energia (porque isso é uma licença da fantasia) do que nesse vazio das vias públicas que vai contra a lógica. O que explica isso? Preguiça dos animadores? Não querer envolver personagens casuais e as autoridades constituídas nessas batalhas e perseguições estapafúrdias?

Rio de Janeiro, 9 de julho de 2015