Breve Resumo da Humanidade

Que demônios andam acontecendo com as minhas obras?

Toda vez que as termino, perco. Deve ser alguma cria das trevas que paira sobre aqueles que julgam ousar demais.

Uma criatura sorrateira e vil, que habita estalagens desesperançosas, casebres pessimistas, mansões entristecidas, cortiços raivosos e vielas sem corações. Apesar de afamado nome, suas vítimas nunca se lembram do ansioso desespero crescendo como massa fermentada de bolo, queimando o peito.

O chamam de “Esquecimento”.

Seus métodos consistem em dilacerar a vítima num momento oportuno, geralmente os atarefados em labuta excessiva ou aproveita as sobras humanas proveniente de outro demônio, o “Trauma”.

Sua infiltração ocorre pela porta de nossos universos, a mente, e infelizmente em alguns instantes do entrar e sair das visitas, aquelas moças bonitas e rapazes elegantes que se autoproclamam ideias. Não há olho mágico que identifique tal carrasco.

Uma vez dentro nunca sairá, pelo menos não houve relatos de cura total. O Esquecimento se abomina ao começar seu memorável plano, arquiteta aqui, ali e pronto, todos os pensamentos e memórias estão prestes a se embaralhar, como numa mesa de carteado, nós somos os apostadores que futuramente iremos falhar e o Esquecimento o negociante que entra no jogo praticamente sem nada a perder.

Cartas viradas a mesa e...que pena uma trinca de reis não salvará ninguém desse jogo maldito, onde nem se paga para ver e já sai com prejuízo.

Num súbito piscar de olhos, os mesmos viram ao avesso entorpecendo as ilusões que nos sintomam, permitindo que um diabólico jogo de cabra cega, sem Marco Pólo de auxílio, esconda objetos valiosos do alcance de nossa envenenada visão.

Cenas horripilantes se prosseguem, um andar apressado e preocupado se torna rotina, um palpitante sentimento de incapacidade sobrevoa o campo de batalha, sádicas e lúdicas saídas nos cercam com o tempo adiantando em escolher um lado para se apoiar.

Ninguém escapa desse conflito, é uma Guerra Mundial Mental, aniquilamentos dos inferiores Neurônios, invasão as praias armadas do Córtex, bombardeios ao Hipotálamo e angústia do desespero das massas Cinzentas. Onde o único inimigo a sobrar em vigorosa continência marcha para identificar os corpos de seus adversários, descobrindo que lutou e matou contra você mesmo.

Quem é você mesmo?

É um grandioso e imponente ser, que acaba de folear a palavra “humano” no dicionário, que titubetea grave voz do peito orgulhoso de tanto façanhar o molde estereótipo de Unir. Nações. Falacia sobre um mundo cheio de arrogância de sua infinita sabedoria, confratante ao medo de explorar os seus limites.

Uns dizem que são prematuros outros que apenas muito jovens, porém digo em contraste a difícil arte de praguejar que a fábrica acertou no dispositivo de obstinação tenaz. Pois esse ser que mal conhece o mundo, e de tanto medo por desconhecer, fantasia a sua onisciência, não se detém a tentá-lo.

Tentar a tentação, tentar o tido, tentar o que teve, tentar o que tens, tentar enquanto tenho, tentando enquanto terá.

"Ah!!" Agora me lembro, que para derrotar o Esquecimento é só trocar o verbo esquecer por perdoar, e inserir no finalzinho da frase, no término do epílogo, a vontade de tentar de novo ou novamente, de escrever uma nova sinopse de ser.