Tudo se foi

Eu subia a rua, subia a rua em transe, não exatamente em transe, mas, não me sentia eu, me sentia um tanto vulnerável, impotente... Logo eu, que sempre sou tão forte e potente, apenas, subia a rua e passava entre as casas, as arvores, entre os dois bares, frente a frente, com apenas quatro, ou, cinco metros, onde com certeza, os bêbados, vadios e afins; imaginam uma ponte unindo os bares, tornando-os lugares sagrados... E eu passava entre eles, quando uma sombra desvaneceu de meus olhos e o fim da rua, vi minha avó, minha mãe e meu irmão, todos estavam olhando para mim e sorrindo... Todos eles, no fim da rua, enquanto eu subia mirando eles e minha avó, repentinamente, se pôs a descer em minha direção, me olhando fixamente em meus olhos, até me atravessar, passar do meu lado, ombro à ombro e descer a rua, enquanto eu subia, ela descia, seguindo as mesmas passadas, ritmadas, lentas e rasteiras, um tanto pesarosas...

Me encontrei, com minha mãe e irmão, os abracei e me virei, me juntando à eles, com seus olhares panorâmicos e quando minha avó, se virou, com um olhar de angústia e de repente, surgiu um caixão, aberto, profundo e era como se a escuridão, engolisse o dia e tudo em volta, restou apenas acenos aos que partiam e tudo se desvaneceu... e tudo se foi.

Henrique Sanvas
Enviado por Henrique Sanvas em 19/07/2015
Reeditado em 22/09/2020
Código do texto: T5316013
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