Quebra de rotina

Mais um dia como outro qualquer. É hora do recreio. Alunos caminham num zum-zum-zum pra lá e pra cá. Na cantina, uma fila agitada devido à expectativa de pegar a merenda. Naquela fila, acontecem as mesmas coisas de sempre: Beliscões, empurra-empurra, protestos... Após ser servida a merenda, alguns saem caminhando com o prato na mão enquanto saboreiam colheradas daquilo que, ao que parece, está delicioso. A merendeira, apavorada para servir rapidamente e, assim se ver livre logo daquele tumulto em frente a sua cozinha, apresenta uma eficiência admirável. Com o passar do tempo, o ambiente vai ficando novamente calmo. Cada adolescente procura seu canto para se alimentar em paz. Até no portão, onde havia um grupo de estudantes protestando por não ter autorização para sair do espaço escolar, voltou a reinar um pouco de tranqüilidade, mas não o silêncio. Pode-se ouvir as conversas amigáveis, risadas e os passos daqueles que não se cansam nunca. Insistem num vai-e-vem incansável. O banheiro feminino é um dos lugares mais visitados pelas garotas que, de duas em duas, ou em grupos maiores entram e saem tagarelando sorridentes.

De repente: BUUUMMMM!

Todos olham assustados. Uma professora, que estava atendendo umas meninas quase caiu da cadeira, a merendeira deu um grito: “Nossa Senhora! Que será que foi isso, meu Deus!?”

Os alunos saem assustados tentando se orientar sobre o local da explosão. Daquele estrondo ensurdecedor. Semelhantes a um enxame de abelhas quando se sentem ameaçados, saem apressados. Eu, enquanto me refaço do susto, sou assaltado pelos pensamentos: “Qual deve ser a razão para uma atitude dessa logo aqui na escola? Será que é fruto do progresso? Espero que não, que os atos de violência fiquem bem distantes desse local. Infelizmente a tecnologia tanto servem ao bem quanto ao mal.

Ouço uma frase que me traz de volta a realidade: “Foi o pneu da bicicleta da Gisele!” Que alívio! Dirijo-me para o local de onde vinha a voz e vejo uma bicicleta com um enorme rasgo no pneu dianteiro. Foi um susto que fez o coração bater com mais força, mas felizmente, só um sustinho. Novamente, sou tomado pelos pensamentos. Que bom! Ainda não foi dessa vez. O terror não chegou aqui. Espero que nunca chegue. A paz e o sossego estão entre as principais virtudes desta pequena cidade, que muito pouco tem para oferecer ao seu reduzido número de habitantes.

Valviega, 29/03/11.

Valviega
Enviado por Valviega em 21/07/2015
Reeditado em 09/11/2016
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