A dor de Duas Mães ( Fato ocorrido em minha cidade)

A dor de duas Mães

Depois de um final de semana turbulento, hoje eu acordei e fiquei um tempo sentada na cama pensando um pouco no que eu presenciei e escutei.
Não tive como não me colocar no lugar das duas mães.
Pensei naquela que viu a vida de seu filho sendo ceifada em troca de uma moto por criaturas que mal saiu das fraldas.
Naquela que via todos os dias seu filho sair para trabalhar, onde ajudava a salvar e transportar vidas, sim , porque ele era enfermeiro e moto taxista.
Naquela que viu sonhos e conquistas sendo interrompidas por um que talvez não tivesse tido oportunidade nenhuma.
Naquela que se dedicou em passar valores morais transformando-o em um homem de bem.
A dor que atravessa seu peito nesse momento é grande, muito grande.
Pensei também naquela que talvez, quem sabe não vem lutando com o seu para que saísse desse mundo maldito do crime, quem sabe passou noites em claro esperando chegar da rua e só de imaginar o que possa estar fazendo entra em desespero.
Naquela que talvez já tenha esgotado o repertório de conselhos, que talvez blasfeme por ter nascido, naquela que sofre ameaças dentro do lar, quem sabe? Naquela que troca de religião na ânsia de poder recuperá-lo, perdendo a fé naquela que acreditava, correndo atrás de outro Deus como se fosse achar um mais poderoso. Naquela que talvez não se canse de orar e pedir a Deus que o proteja.
Mas que ama, porque antes de ele ser bandido, ele é seu filho.
Mãe nenhuma quer que filho vire bandido.
Ontem eu vi uma cena preocupante, cena que jamais foi vista antes em nossa cidade. Uma multidão querendo fazer justiça com as próprias mãos.
Será que não teríamos hoje dezenas de assassinos em nossa cidade?
Resolver um crime com outro crime? Seria justo?
A Lei esta ai. Cabe a ela cumprir. Não nós.
Fiquei me perguntando se o Cristo se fizesse presente e falasse: _ Atire a primeira pedra, aquele que estiver sem pecado.
Será que largaríamos a pedra e o pau e íamos embora pra casa?
Sei que foi um crime bárbaro, não estou aqui defendendo bandido. Claro que ele tem que pagar pelo erro. Mas vamos deixar que a Lei resolva. Se cada um com pedra e pau matasse aquele jovem vingando uma morte, seríamos diferentes? Ou seríamos iguais a ele?
Mãe nenhuma quer ver seu filho morto.
Mãe nenhuma quer ver seu filho se tornar bandido.
Mãe nenhuma iria incentivar seu filho a vingar a morte de ninguém. É no que acredito.
Só sei que cada uma dessas mães é que sabe a dor que atravessa seu peito nesse instante. Só elas sabem!

“ Olho por olho, e o mundo acabará cego”( Mahatma Gandhi)

                                    


 
Élia Couto Macêdo
Enviado por Élia Couto Macêdo em 27/07/2015
Reeditado em 19/01/2016
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