UMA COXINHA PARA TRÊS

Ontem, por volta das 18 horas, estava eu no Terminal de Jacaraípe, Serra-ES, aguardando na fila o ônibus que me levaria à Nova Almeida, Serra-ES, onde moro, quando uma cena me chamou a atenção: uma jovem mãe aparentando não mais que trinta anos, segurando uma coxinha que dividia com um casal de filhos, o menino devia ter uns oito anos, enquanto a menina aparentava uns dez. A mãe mordia o salgado e depois o aproximava da boca da filha para que fizesse o mesmo e em seguida da boca do filho para que mordesse o alimento, repetindo seguidamente o gesto entre os três, até que o salgado acabou. O menino, em tom de piada chegou a dizer enquanto dava as pequenas mordidas, que a irmã não queria mais e que só a mãe e ele deviam comer o salgado que estava sendo dividido pelos três.

O que me fez e faz refletir é a condição de famílias brasileiras que dividem por aí, um salgado, um pão ou um alimento qualquer para tentar enganar a fome, enquanto a corrupção impune neste Brasil gigante tira o direito de milhões de brasileiros viverem melhor e mais felizes. É o mesmo recurso que escorre pelo ralo da corrupção, que falta para matar a fome e o frio de muitos. São os corruptos e corruptores do nosso país que obrigam uma jovem mãe a dividir o próprio salgado com mais dois filhos em seu gesto humilde e lindo que nunca nem os corruptos nem corruptores poderão enxergar, porque além de cegos e insensíveis, são pessoas sem coração.

Antonio Alves
Enviado por Antonio Alves em 30/07/2015
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