AMAR É BOM, MAS NEM SEMPRE FAZ BEM.

É indiscutível que o amor nos faz pessoas melhores. Ele nos enternece, torna-nos mais sensíveis ao que nos cerca e aos outros, deixa-nos mais propensos a fazer o bem. Também podemos dizer que amar traz um brilho a mais à vida, renova nossos propósitos e os torna menos penosos. Aliás, tudo aquilo que se faz com amor e por amor parece mais justificável e menos discutível.

No entanto, há amores que podem ferir, e esses, de fato, não é bom que sejam prolongados, não devem ser levados às últimas consequências, sob pena de deixarem um rastro de mágoas, de sofrimentos. E que não me venham dizer que quem ama sofre, porque esse velho chavão só serve mesmo para justificar vidas inteiras desperdiçadas, existências jogadas fora em nome de um sentimento que, muito mais do que harmonizar, proporcionar alegria e prazer, foi capaz apenas de angustiar, de entristecer, de aniquilar. É preciso ter bom senso para não se deixar chegar a esse ponto. Caso contrário, essa experiência poderá deixar marcas indeléveis na alma. Inumeráveis são os que sentem até calafrios ao simplesmente ouvir a palavra amor, e isso não é à toa..

A literatura está repleta de histórias de amor que trouxeram profundo sofrimento aos dois amantes. Tristão e Isolda, de origem mítica e autor duvidoso, trata do amor impossível entre o cavaleiro Tristão e a princesa irlandesa Isolda, que deveria casar-se com o tio de Tristão. No entanto, o amor incontrolável que surge entre o cavaleiro e a princesa conduz a um fim trágico, em que os dois morrem. Amor de Perdição, de Tomás Antônio Gonzaga, é apenas mais um desses exemplos de um amor cruel, que, após longo tempo de sofrimento, culmina na morte de Simão e de Teresa. Mas que não nos iludamos: a vida real também nos presenteia inúmeros casos semelhantes – mas nem tão românticos – dos quais não se pode duvidar.

As diferenças, as dificuldades, os desencontros fazem parte da vida de qualquer um e não poupam nem mesmo os que se amam. O fato é que amar realmente é bom, mas nem sempre faz bem.