Saudosismo crônico e generalizado

Pra entender um homem em estado de catarse saudosista de último grau, só mesmo se estiver lembrando junto com ele da mesma coisa; do contrário você olhará para tal como um homem que acaba de sair da Terra do Nunca coberto do pó de pirimpimpim da fada Sininho, parecendo que o tempo não passou pra ele.

Mas de fato o problema trágico do saudosismo é que ele começa falando de uma coisa e acaba lembrando de tudo na mesma conversa.

Ele começa criticando que ninguém brinca mais de pique bandeirinha e acaba falando que os filmes de hoje são só "efeitos especiais" e mais nada; que não tem história. Ele sempre lembra daquele timaço do vasco de 98 e segue lembrando que tinha muito mais futebol no Mequinha de '85, no mengão de '82 e quando vai ver já está falando do maestro Ademir da Guia na meia e do Garrincha na ponta de lança, dando "nó" nas pernas dos manés (haaaa, a saudosa posição de ponta de lança...).

O saudosismo sofre de um grave generalismo; de um dejavu de gente, lugar e tempo, e tudo ao mesmo tempo. Ele também é sempre absoluto em suas afirmações. Não ouse questionar alguém que está sofrendo de tal mal. Se ele não tiver, inventa um bom motivo pra dizer que nada de hoje é tão bom como antes, e que a violência era bem menor na sua época, e que ouvir disco de vinil é bem melhor do que apreciar a mesma música em um CD de alta definição e remasterizado.

Mas, cá entre nós: quem disse que ele está errado? Também prefiro ir para casa assistir uma reprise de "De volta para o futuro 1" do que ir ao cinema assistir crepúsculo ou a culpa é das estrelas. Pra este último que derrete os corações dos adolescentes, indico assitir "Admiradora secreta" , filmaço de romance brega da década de '80.

Em fim, um abraço apertado a todos os saudosistas! Estou saindo daqui do blog direto para ir Jogar "Alex kid in miracle world" no celular. Fique com Minecraft ou seja lá como se chama isso...

Por André Alves Castro,

em estágio avançado de saudade generalizada.

publicado originalmente no site Cotidianidade

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Enviado por Cotidianidade em 01/08/2015
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