O misterioso caso do anel de Tia Sirene

Desde nova escuto minha mãe e Tia Sirene conversando sobre um anel de pedra vermelha, bem, nunca tinha me dado conta de que era uma história que pertencia apenas aquelas duas, mas hoje descobri o tal mistério, e é o que agora vou revelar.

Conta minha mãe que um dia, ainda quando ela era jovenzinha, brincando no quintal da fazenda, chegou um funcionário e trouxe um anel que tinha achado no chão, e o entregou a madrinha de minha mãe, Irene, ela muito desinformada, não ligou para o achado, e deu o anel para minha mãe brincar.

Minha mãe, na primeira oportunidade de visita a uma prima de Cachoeiro de Itapemirim, que tinha uma joalheria, levou o anel e descobriu que era de outro com pedra de rubi.

Procurou saber de onde veio o tal anel, e apenas soube que haviam morado naquelas bandas uns italianos, mas já havia muito tempo que se tinham mudado.

Muito bem, ficou com o anel “de pedra vermelha” por muito tempo, e sempre Tia Sirene querendo o anel, então, um belo dia, as duas sentaram-se para fazer o testamento do anel, fizeram o documento, inclusive com o desenho do anel, sendo que o importante era que se minha mãe morresse o anel seria o legado de Tia Sirene.

Tudo combinado, assinado, desenhado, só faltou o tabelião.

Minha mãe usou o anel durante anos, casou-se, mudou-se para Colatina, criou família, até que... Um ladrão entrou em sua casa e levou todas as suas joias, inclusive o anel de “pedra vermelha” da Tia Sirene.

Tia Sirene nunca se conformou, e vivia a cobrar o anel, todos os encontros das duas era a mesma coisa: Lurdinha quero meu anel! E caíam na gargalhada.

Pois bem, este ano, no encontro das primas no Rio de Janeiro, em janeiro de 2015, minha mãe resolveu fazer uma surpresa para Tia Sirene.

Comprou um anel de pedra vermelha (claro que não era ouro nem tinha rubi), levou o mimo para o encontro e em situação solene finalmente entregou a Tia Sirene um anel de pedra vermelha.

Foi um momento único para as duas, que depois de tanto tempo ainda têm as recordações tão valiosas de juventude, e levam a sério – rindo, uma situação tão especial.

Hoje, com o telefone tão presente na vida das duas, especialmente o WhatsApp, ou Zap-zap, uma manda recadinhos para a outra sempre, mas nunca se esquecem de usar a figurinha do anelzinho de pedra que o aplicativo tem.

O mistério do anel de “pedra vermelha” foi descoberto, mas a misteriosa capacidade de permanecer amiga para sempre cabe a cada um de nós.

Cinthya Fraga
Enviado por Cinthya Fraga em 06/08/2015
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