TRAZ PRA ONZE, QUERIDA!!

Que nos importava que tivéssemos saído de Linhares às 8 horas para uma reunião de trabalho em Guarapari, ES, às 14horas? Nada!! Se fosse para ir a pé, de carroça ou de fusca sem ar condicionado, nós, 11 colegas de trabalho, teríamos ficado indignados, mas dentro de uma van, com ar condicionado em temperatura agradável, conduzidos por um bom motorista, estávamos, simplesmente, adorando!!

O tempo voou e por volta de 11h30min, vimos o “tigrão” após a ponte de acesso à Cidade Saúde. Várias recordações me tomaram: a primeira vez que ali estive, as ondas que furei no mar da Areia Preta, a pele e os olhos ardidos por ter ficado torrando na praia até de tarde... Na verdade, quando solteira fui àquela linda cidade muitas vezes, e em todas eu me diverti muito. Após casar-me, já com filhos, certa vez, decidimos veranear por lá, e alugamos uma quitinete no centro, onde fomos muito felizes, passeando, comendo e bebendo gostoso, durante 15 dias.

Então, estar em Guarapari, sentindo a gostosa brisa marinha, tão característica daquele delicioso local, é sempre uma coisa muito agradável para mim. Como aquele ar tem o poder de abrir, mais ainda, o apetite; decidimos que era hora de almoçar. Conscientes de que quem trabalha muito merece boas recompensas e de que “pobre é o capeta”; nós optamos por comer no restaurante Curuca, na praia de Meaípe.

Não sei o que era mais lindo: aquele restaurante especializado em frutos do mar, a praia, logo à frente do mesmo, ou a paisagem bucólica. Em meio a um papo muito agradável, enquanto aguardávamos as cinco moquecas de badejo que encomendáramos, degustávamos camarõeszinhos fritos, sorvendo água de coco bem geladinha.

Finalmente chegaram os nossos pedidos, todos acompanhados de moquecas de banana da terra, arroz branco e pirão e de uma cortesia da casa: um delicioso risoto de camarão. De repente, fez-se um silêncio, e todos nos concentramos em nos deliciar com os conteúdos daqueles pratos fumegantes de aromas incomparáveis.

Nasci em Miracema, RJ, onde os hábitos alimentares são similares aos dos mineiros ( e que eu amooo!!): muita carninha de porco frita, linguicinha, tutu, couve, angu... mas aprendi a adorar os frutos do mar e acho que o Cacau Monjardim estava certinho quando disse que “ moqueca é capixaba, o resto é peixada!!”. Sou tão tarada por camarões, siris, caranguejos, lulas, polvos e peixes, que a última vez que estive em Florianópolis, SC, eu fiz questão de trazer de lá, congelados, 3kg de camarão pistola. Tá explicado por que eu sou gooorda??

Após o almoço, apareceu uma senhorinha segurando uma caixa lotada de cocadas, todas com “caras” muito boas. Logo me adiantei e comprei umas quatro grandes, brilhosas, assadas. Seguindo, a contragosto, as orientações cristãs, ofereci nacos aos amigos e a cada um que aceitava meu coração doía ( Rs,rs,rs....). Por fim, restou-me uma inteirinha e eu a devorei, curtindo seu sabor a cada mordida.

Na hora de pedir a conta, que nem foi tão “salgada” assim, a garçonete perguntou-me:

- Vocês aceitam sobremesa? E eu, enfastiada, respondi-lhe negativamente.

- Temos uma torta de coco deliciosa!, ela insistiu, mas eu reforcei a recusa: “ Muito obrigada, todos estamos super satisfeitos!”, e olhando para os meus colegas, perguntei-lhes: “ Não é, pessoal?”. Como resposta vi meus amigos assentindo com a cabeça, passando as mãos sobre as barrigas, fazendo caras de empanzinados.

A garçonete não se deu por vencida e insistiu: Mas a sobremesa é uma cortesia nossa!! Vocês não vão mesmo querer?

Eu não titubeei: “Traz pra onze, querida!!”

Acreditem: todos os “empanzinados” comeram!! Rs,rs,rs...

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 07/08/2015
Reeditado em 10/08/2015
Código do texto: T5337947
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