Milhões de celulares e muitos, muitos problemas. (exp)

Crítica ao artigo “260 milhões de celulares e muitos problemas”, publicado na edição N° 4.544 do Jornal de Hoje, Natal-RN, 19 e 20 de janeiro de 2013.

Que o telefone celular é uma necessidade atual de todos, é lógico e evidente, vivemos em um mundo tecnológico tangido e direcionado pelo consumismo. Novos aparelhos são lançados com um apelo tecnológico, e de inovações sejam no design ou up grades dos aparelhos ou nas suas atribuições e capacitações. Além das atribuições naturais e normais que é de fazerem ligações telefônicas.

A cada dia o tempo é mais escasso e as necessidades do dia a dia se tornam cada vez mais distantes, por expansão das cidades ou por carência de espaços nos centros urbanos. Faz-se necessário um meio de comunicação, entre pessoas físicas e jurídicas, no mínimo, eficiente.

Telefone fixo torna-se um luxo e uma necessidade de fixação a um local. Bom para empresas informatizadas que tem uma quantidade de computadores e equipamentos periféricos, podendo transitar um grande fluxo em transmissão de dados por uma linha telefônica, via cabo, via telefone tradicional ou via rádio. Dependendo da atividade da empresa se torna necessário o trabalho on line.

Ter mais de uma linha telefônica celular é resultado de uma concorrência entre as empresas que formam o oligopólio da telefonia móvel brasileira. O consumidor se vê “obrigado”, compelido, a ter um aparelho de cada operadora ou um aparelho capaz de abrigar tantos quantos chips necessários á comodidades e necessidades dos usuários, com os seus contatos, que estão divididos entre as operadoras, e em posições geográficas diferentes.

Um aparelho celular ser da modalidade pré-pago (maioria, com 210 milhões de usuários), ou pós-pago (minoria com 50 milhões de usuários), não justifica uma problemática do sistema. Estas são as opções ou modalidades ofertadas ao usuário. Em alguns países já existe a modalidade descartável. O usuário compra o aparelho que já vem com créditos, usa e descarta o aparelho.

Que a maioria dos aparelhos estão concentrados em São Paulo (o texto não especifica ser o estado ou a capital estadual), não passa de uma consequência de ali estar a maior concentração populacional e econômica do país. O número de 151 linhas para cada cem habitantes em São Paulo, conforme o texto significa uma média de 1,51 aparelhos para cada habitante, ou seja, mais que um e menos que dois aparelhos. Dizer que o índice (151/100) está bem acima da média (cerca de 15% acima), é um exagero, sendo a média citada de 132/100hab, que também está na proporção de mais que um e menos que dois aparelhos para cada habitante. O RN (133/100) conta com valores bem próximos a média nacional (132/100), destacando-se no Nordeste entre os outros estados da região. Pernambuco ficou na proporção de 130/100, dados segundo o texto do jornal (JH, 19,20/01/13), ou seja, as estatísticas citadas nas proporções são de mais de um aparelho e menos que dois aparelhos, podendo-se afirmar que ficaram

dentro de uma tolerância da média nacional. Dentro de uma margem aceitável, com variações de aproximadamente de 15% sobre a média nacional.

O artigo diz ainda que a telefonia celular liderou as reclamações dos PROCONs nacionais, atingindo o índice de 9,17% das queixas (sic). Parece ser um índice razoável menos que 10% de queixas, representando mais de 2 milhões de protestos por falhas na cobertura, fora outras causas. Ainda sobraram mais que 90% na estatística.

Sobre a Anatel proibir operadoras de comercializar novas linhas até a melhora do sistema, faz parte das suas atribuições, já que é uma agencia reguladora. Citar melhoras no serviço de uma operadora a partir da proibição de vendas pela Agencia reguladora, fato incoerente, já que a melhora deva ser por menor número de usuários saturando o sistema e não por redução das vendas de novas linhas e novos aparelhos.

A Anatal (grifo meu), órgão citado, foge ao meu conhecimento as suas atribuições, entendo ser um erro gráfico.

Novos modelos e novos sistemas de telecomunicações dependem de decisões governamentais e interesses de grupos internacionais. Dependem de facilidades técnicas e leilões. As operadoras nacionais pertencem a grupos estrangeiros, que disputam leilões e concorrências. A tecnologia é importada, há uma dependência tecnológica e econômica no processo.

Há sim, alternativas para a declarada crise no sistema. Novas bandas estão sendo liberadas. A UFRN tem um grupo de trabalho desenvolvendo antenas para UWB - Banda Ultra Larga, bem como rádios cognitivos e infra-estrutura para sistemas de telecomunicações fixos e móveis.

Problemas existem a todo o momento e em todos os seguimentos. A educação, saúde e transporte são os piores segmentos. Seguindo a orientação do nobre autor do artigo, o nosso papel de cidadão é de exigir mais e o melhor, com melhores estruturas, mais cobranças governamentais e mais investimentos. Para que tenhamos pensadores e gestores de opinião, com qualidade de serviços.

Escrever um artigo não é reescrever dados percentuais e estatísticos. É construir uma informação agregando novos conhecimentos. Facilitando novas compreensões e novos artifícios para tomada de novas e melhores decisões, facilitando o que se denomina de processo decisório.

Roberto Cardoso (Maracajá)

Roberto Cardoso (Maracajá)
Enviado por Roberto Cardoso (Maracajá) em 10/08/2015
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