LARGA A PONTA DA CORDA, DILMA!

Sempre achei que as mulheres são melhores do que os homens no que tange ao bom senso e à gestão do lar e da família, por isso, em 2009, eu fiquei super empolgada com a perspectiva de que uma delas tivesse a chance de ocupar o cargo político mais importante da nossa nação.

É claro que o fedor do valerioduto ainda rescindia no ar, fazendo com que eu me lembrasse da cara sonsa do presidente Lula, com ares de marido traído, dizendo que não sabia de nada em relação ao mensalão. Os desdobramentos desse caso várias vezes me fizeram ter um monólogo irônico e silencioso com Hamlet, o personagem de Shakespeare: “Você só sente UM algo de podre no reino da Dinamarca? Vem morar no Brasil, querido!!”.

Como eu não sou cristã apenas da boca para fora, como sempre fui favorável às políticas que favorecem os pobres, e como eu tinha fé de que, uma vez eleita, a ministra Dilma Rousseff fosse se transformar em alguém capaz de escorraçar os ladrões (inclusive os que estivessem no seu partido), promover o crescimento social e econômico do Brasil, e deixar orgulhosas todas as brasileiras; eu votei nela para seu primeiro mandato.

Confesso que havia um medo em mim: o de que ela fizesse algumas “cacas”, pois até hoje, ao se comunicar ela demonstra ter dificuldades para organizar suas ideias, denotando que pode confundir “aurora boreal com abóbora do areal e capitão de fragata com cafetão de gravata”, e isso é um grande perigo para todos que dependem de gente que tem esse tipo de cabeça.

Apesar das políticas voltadas para os menos favorecidos (o Fies, o Pronatec, a expansão da rede de institutos federais de educação e o Programa Mais Médicos), dos muitos concursos públicos (inchando a máquina estatal, é verdade) que foram oferecidos, e da liberdade para agir correta e legalmente como ganharam a polícia federal e o poder judiciário ao longo das duas últimas décadas; eu senti um cheiro acre que vinha dos bastidores, vislumbrei a cegueira para enxergar o próprio umbigo e optei por votar em Eduardo Campos, mas após sua precoce e lamentável “partida”, escolhi Marina e, a seguir, Aécio Neves.

Fiz isso com duas tristezas:

a) a impressão de que a primeira mulher que chegou ao cargo maior de nossa nação entrava para a história como incompetente para fazer as três coisas que eu sonhara: banir os bandidos do poder, incrementar o crescimento social e econômico e orgulhar todas as brasileiras; e

b) a forte crença de que a ladroagem de políticos é algo endêmico, é cultural, é a herança maldita da formação do nosso povo (a gente vem sendo roubado desde a época em que devíamos obediência à coroa portuguesa), por isso a maior parte das ideologias partidárias não se sustenta por muito tempo: quase (?) todos os que chegam ao poder querem repor seus investimentos de campanhas, além de se locupletarem e aos seus.

Hoje, diante da crise moral, política e econômica que estamos vivendo, metaforicamente, eu vejo a atual situação como uma disputa conhecida como “cabo de guerra”: em uma extremidade da corda está o governo e todos que temem perder suas “tetas”; na outra estão os opositores que, no fundo e no raso, as querem também. No meio estamos nós, o povão, que trabalha dia e noite, tendo um sócio FDP, que só sabe ser competente para nos escorchar por meio de impostos, mas é péssimo para gerir recursos e prover com qualidade três serviços que merecemos: saúde, educação e segurança.

Apesar de tudo isso, eu não me aprazo em tripudiar, preferir impropérios, ou agir como aqueles que se dizem cristãos, mas são capazes de fazer com o próximo tudo o que eles odiariam que lhes fizessem. Na verdade, torço, sinceramente, para que hoje ou muito em breve, a Presidente Dilma crie coragem e por amor ao povo brasileiro, solte a ponta da corda do cabo de guerra, “jogue a toalha”, “entregue os pontos” e renuncie ao cargo, pois enquanto a disputa não cessar, nós estamos sendo a corda e estamos esgarçados demais para aguentar por muito tempo.

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 13/08/2015
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