EU ESTIVE AQUI.

Só.

De novo me sinto só.

Abro um vinho barato, e fico aqui pensando na vida.

Só.

É bom?

É ruim?

Sei lá, depende do dia.

Têm dias que pago pra ficar só, e em outros pago por ter companhia.

Morei só por mais tempo de vida do que com companhia, então meio que me acostumei, mas atualmente tenho uma companheira falante, minha mãe.

E minha mãe é muito falante, como eu, e de repente me deparo com a constatação de que os genes dela estão em mim, sou também uma falante.

Não sei bem se o fato de morar só por muito tempo, ou se são os genes de minha mãe, mas o certo é que falo sozinha, e quando canso, escrevo pra ver se alguém me escuta – lê.

É uma necessidade latente de me inserir no mundo de alguma forma, obrigar alguém a saber que eu estou aqui, que algum dia pensei de determinada forma.

O que isso pode mudar o mundo? NADA!

Mas me fiz presente, e ao me fazer presente, te presenteei com minha presença, falante, irritada, triste, magoada, feliz, contente, pensativa, enfim, eu estive aqui.

Cinthya Fraga
Enviado por Cinthya Fraga em 15/08/2015
Reeditado em 07/09/2015
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