Miscigenação do catimbozeiro (2)

Cada vez mais o país vai ganhando espaço na mídia internacional, um espaço exibindo reivindicações populares. Brasileiros residentes em outros países fizeram postagens em redes sociais com frases e cartazes apoiando os últimos manifestos.

Jogadores de futebol com fama internacional cometeram deslizes ao emitirem suas opiniões. Profissionais esportistas que durante suas carreiras tiveram equipes médicas à sua disposição com dietas controladas por nutricionistas, lesões e contusões, acompanhadas e solucionadas por fisioterapeutas e terapeutas, patologias que foram custeadas pelos torcedores. Comentaristas famosos alteraram suas opiniões sobre as manifestações. Novas reivindicações vão se somando e acrescentando as iniciais.

População nas ruas, entidades de classes, grupos sem objetivos expressos, manifestações não são recursos humanos gerenciáveis. A pirâmide da comunicação é quem convoca os desejosos a participar da manifestação. O comparecimento resulta de progressões geométricas e aritméticas, os faltosos não são punidos pela ausência. Acontece um processo de recrutamento, via internet, via redes sociais e via SMS, os antigos boca a boca são agora um tel to tel. Mas não acontece um processo de seleção e treinamento, muito menos de análise curricular para identificar experiências anteriores. Pelas redes sociais há um monitoramento observacional, sem uma orientação ordenada, apenas observada, dando orientações e sugestões, com um olhar as e construídas em outras informações que podem não representar uma realidade do acontecimento, mas a visão de quem observa. Para que no meio do tumulto quem puder ter acesso aos equipamentos de comunicação, tenham a mesmas visões.

Não existe uma liderança para gerenciar uma multidão, como também não existe uma lista de chamada ou conferencia para identificar quem pertence ou não pertence ao movimento. Também não existem uniformes ou patentes que possam distinguir um grupo de outro, ou mesmo uns e outros dentro de um mesmo grupo. Manifestação pacífica é um desejo, nas não uma realidade alcançável. Quanto maior o número de participantes mais indeterminados serão os resultados. Impossível fazer um olhar de gestão da qualidade total do movimento, nem mesmo afirmar que na próxima manifestação os resultados serão melhores que os anteriores. Tudo será uma questão de ponto de vista, de que lado se está olhando.

Tropas de choque são treinadas para combater e reprimir conflitos urbanos, com policiamento intensivo e ostensivo, este grupo sim pode ser considerado como recursos humanos gerenciáveis. Ao final de combates e embates a tropa irá junto com seu comando fazer uma avaliação de competências e incompetências nas suas atuações. Os manifestantes apenas escolherão um novo alvo que possa dar mais visibilidade ao movimento, não será intenção do movimento invadir e ocupar um espaço físico, apenas alcançar objetivos que inicialmente são sempre utópicos.

O estudante entende desde cedo a lição de que o seu papel no mundo não é apenas constatar o que ocorre, mas também intervir como um ator social nos acontecimentos. É evidente que a maioria não conhece todos os motivos e nem tem conhecimento histórico, econômico ou político. Infelizmente, para isto ainda vamos levar mais tempo a chegar a um denominador comum. Nossa educação está um lixo, e sem transporte não se chega a lugar algum.

Só os loucos enxergam resultado onde os sãos não enxergam o caminho, diz a profesora Mirna Santiago. Os estudantes nasceram para estudar, e é assim que a sociedade os entende, que ainda não estão formados. Quando os estudantes (leia-se jovens) vão as ruas fazer reinvindicações são considerados, loucos, alienados e inconsequentes. E a sociedade vai tentando conte-los ou adequa-los a um novo modelo e comportamento social com repressão ou com a modificação da maioridade penal, tal como já acontece em outros países.

Jornal de HOJE (24/06/13)

Natal - Parnamirim/RN ─ 23/06/2013 Roberto Cardoso (Maracajá)

Roberto Cardoso (Maracajá)
Enviado por Roberto Cardoso (Maracajá) em 20/08/2015
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