_______________O PAR DE SAPATOS

 
Comprou na literatura do pensamento, lembrando a poeira que deixaria, se considerada a estrada. 
Em sentido de ir adiante, lustrou o par, aconselhada pelos velhos lutos à chorosa ideia de caminhar. A disciplina com que lustrava era quase militar.

 
Com o tempo, olhos abatidos, o sapato já ficando gasto, mas só de lustrar. Sem sossego e um tanto perturbada, deixou os sapatos de lado. Teria sido a graxa a lançar venenos, encenando nos sapatos feitiços de imagens escravas? Ah! A graxa! Por certo que havia caído feito alma penada sobre os sapatos... A graxa humilhou os pés. Apropriou-se dos sapatos e mandou redigir âncoras no conceito das solas.
 
Abandonados às mãos dos armários, ficaram esquecidos dos olhos e da estrada, acompanhados apenas pela violência do silêncio.
 

 
 
oOoll NOTURNA lloOo
Enviado por oOoll NOTURNA lloOo em 20/08/2015
Reeditado em 20/08/2015
Código do texto: T5352823
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