Resquícios

Outrora fora o principal posto da cidade, hoje é apenas um sombrio estacionamento, por ali passo todas as noites, afinal, é caminho de casa, não me canso de pairar meu olhar sob os fios desencapados; a ferrugem vagarosamente tomando sua cor. Uma sentinela em meio a penumbra monta guarda, sinto-o me observar quanto caminho.

Mais a frente está uma senhora de meia-idade com bolsas de um mercado qualquer, fora fazer as compras do mês, imaginei ao vê-la, felizmente a prefeitura pôs um poste de luz, assim não a mantendo sob total negrume, houve relatos de ataques naquele local,

Não que a luz irá protegê-la, mas a fará sentir-se mais segura.

Do outro lado da rua, o que fora um terreno vazio, hoje está preenchido por prédios de altos valores, comprados por um sujeito

já conhecido na cidade por seus investimentos imobiliários, inúmeros quartos, suítes, uma sacada com vista para as montanhas acima da sujeira, dos ralos entupidos por bimbas de cigarro, camisinhas, latas de cerveja e outros resquícios.

Ph Vieira
Enviado por Ph Vieira em 21/08/2015
Reeditado em 21/08/2015
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