O quase e a efemeridade, ao inferno!

Como é chegar tão perto e não alcançar?

É como pegar a escada pra trocar a lâmpada queimada do quarto, subir até o último degrau, esticar o braço até os ossos estralarem e não conseguir desrosquear.

É como acordar três horas mais cedo para ir àquela consulta com o médico mais fodido da área, e o trânsito te empacar na rua do consultório.

É como demorar uma semana para fazer aquele relatório perfeito pro seu chefe, e esquecer em casa na sexta-feira.

É como ensaiar a mesma coreografia o ano todo e torcer o pé um dia antes da apresentação.

Mas quando se trata de amor, é tudo isso e mais um pouco. Você conhece, gosta, cuida, paparica, liga, adora, se doa, ajuda, colore, chora, dói, ama e fim.

Fim.

Fim.

Fim.

Aí acaba antes mesmo de começar, entendeu?

Não, não entendi nada.

"-Bola pra frente! A vida é assim mesmo..." Bola pra frente na puta que o pariu.

Não é tão fácil chutar a bola pra frente quanto a dias perdidos e corações partidos.

"-Que é isso! Tudo passa!" Pois é, tudo passa, TUDO.

E o que fica então? NADA FICA, NADA!

Eu quero um pouco de coisas que fiquem, e a efemeridade, ao inferno!

Cansei do quase, cansei do efêmero. Meus ombros não vão mais ficar no bolso de ninguém, cansei de colorir e não ser colorida.

É hora de riscar o quase e o efêmero do dicionário e comprar aquela tinta aquarela, pra ME colorir.

Thabata Guerra
Enviado por Thabata Guerra em 21/06/2007
Reeditado em 28/10/2007
Código do texto: T535793
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