O quase e a efemeridade, ao inferno!
Como é chegar tão perto e não alcançar?
É como pegar a escada pra trocar a lâmpada queimada do quarto, subir até o último degrau, esticar o braço até os ossos estralarem e não conseguir desrosquear.
É como acordar três horas mais cedo para ir àquela consulta com o médico mais fodido da área, e o trânsito te empacar na rua do consultório.
É como demorar uma semana para fazer aquele relatório perfeito pro seu chefe, e esquecer em casa na sexta-feira.
É como ensaiar a mesma coreografia o ano todo e torcer o pé um dia antes da apresentação.
Mas quando se trata de amor, é tudo isso e mais um pouco. Você conhece, gosta, cuida, paparica, liga, adora, se doa, ajuda, colore, chora, dói, ama e fim.
Fim.
Fim.
Fim.
Aí acaba antes mesmo de começar, entendeu?
Não, não entendi nada.
"-Bola pra frente! A vida é assim mesmo..." Bola pra frente na puta que o pariu.
Não é tão fácil chutar a bola pra frente quanto a dias perdidos e corações partidos.
"-Que é isso! Tudo passa!" Pois é, tudo passa, TUDO.
E o que fica então? NADA FICA, NADA!
Eu quero um pouco de coisas que fiquem, e a efemeridade, ao inferno!
Cansei do quase, cansei do efêmero. Meus ombros não vão mais ficar no bolso de ninguém, cansei de colorir e não ser colorida.
É hora de riscar o quase e o efêmero do dicionário e comprar aquela tinta aquarela, pra ME colorir.