NASCEMOS TODOS ANJOS.

Nada mais angelical do que um bebê após uma mamada. Eles ficam em um estado de êxtase, quase um desmaio. Aí olhamos para eles e dizemos: “que anjinho”.

E isso independe de religião, judeus e cristãos, os muçulmanos, zoroastrianos, espíritas, hindus e budistas, todos aceitam como fato sua existência, é quase uma unanimidade – rara em se tratando de religião.

Mas aqueles “anjinhos” vão crescer, e nesse crescimento serão cercados de outras criaturas nem sempre tão angelicais.

Com uns seis meses já vão ter vontades, vai querer enfiar o dedo na tomada, colocar tudo o que acha na boca, etc.

Se esse anjinho nasceu em um lar harmonioso, seus familiares próximos vão começar a cortar as pontinhas de suas asas. Calma, não dói. Esse corte chama-se educação carinhosa, zelo, cuidado.

Com o crescimento vai a cada dia precisar de anjos maiores para direcionar e espelhar sua conduta formando assim seu caráter.

Mas mesmo em famílias cuidadosas, com um caráter formado para o bem, os anjos podem escapar do zelo afetuoso e desviar.

Dos sete aos dezessete esse acontecimento pode acontecer, e aquele anjinho deixa suas asas crescerem, pinta as penas de roxo e escolhe um caminho torto.

Muitas vezes – quase todas às vezes, os cuidadores de anjos tentam de todas as formas fazer com que aquele anjinho limpe suas asas e volte para o caminho do bem, mas nem sempre são vitoriosos nessa luta. São muitos percalços no caminho.

São drogas, amizades sem asas, ilusões, enfim o mundo está cheio de pequenos deslizes para desencaminhar anjos.

No Brasil temos mais de três milhões de anjos, desses, muitos se desviam ao longo do caminho, e o que fazer? Alguns acham que já não dá mais para cortar as asas, e preferem prendê-los, outros ainda acreditam em uma solução voltada para a educação.

Quem foi criado em uma família harmoniosa sempre irá acreditar que educação poda as asas, entretanto, não podemos acreditar mais em coelhinho da Páscoa, ou em políticos, estes jamais farão algo sério voltado para a educação.

A situação dos anjos de asas roxas é emergencial, e prefiro vê-los em um lugar seguro do que apontando armas para minha cabeça. Ainda tenho esperanças de que em local supervisionado, eles voltarão às salas de aula, e com muito esforço deixarão as asas ser podadas.

Cinthya Fraga
Enviado por Cinthya Fraga em 26/08/2015
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