Quando a essência estava aqui

O escritor já estava sentado quando decidiu escrever uma de suas crônicas sobre as coisas da vida. Os cronistas têm disso: escrevem sobre os assuntos mais desinteressantes possíveis e ainda percebem poesia em seus arranjos de palavras.

O Brasil é como um girassol que gira em torno do sol das grandes potências.

O profeta disse uma vez aos seres humanos (ou aos homens, como se diz biblicamente) que devemos amar uns aos outros como ele nos amou. Papo careta.

Ele ainda estava lá buscando a essência daquilo que queria exprimir, talvez buscasse a legitimidade na primeira pessoa, como um deus – Eu sou a criação. Isso parecia provocar proximidade entre aquele que escreve com aquele que lê e a essência daquilo que se propõe a escrever.

O efeito da vida dentro do espectro do ser brasileiro ecoa como um amontoado de seres que se convertem num só.

Política? Ele queria discorrer sobre ela ou apenas tentar escrever sobre algo desinteressante de forma inteligente.

É um dia de sol, como qualquer outro, entretanto me encontro afogado em sentimentos que assombram as lembranças da luz. Meus dentes sangram e o sangue representa a alma do brasileiro que se transborda no mundo azul.

Mas ele não desistia, ainda tentava dizer algo politicamente coerente enquanto se utilizava do hermetismo para camuflar alguma ignorância propriamente sua com relação ao PT e a turma da esquerda que escreve crônicas no Brasil.

A esquerda é como a direita: ambas se utilizam de um público para promover o indivíduo.

Acho que nesse momento ele buscava escapar dos fundamentalistas da direita e da patrulha ideológica da esquerda.

O Brasil é manancial.

Até aí tudo bem, ele tentou dizer algo sobre o Brasil de novo. Algo novo no Brasil?

O cronista ainda escreve e pensa, buscando a essência daquilo que quer exprimir fora de si e dentro também. Enquanto isso a tarde faz calor, os dentes sangram, os olhos permanecem a observar a não-ação desse momento parado, onde as paisagens são como um jogo surreal: embora lindas, em essência, assim não a são.

Matheus Di Oliveer
Enviado por Matheus Di Oliveer em 27/08/2015
Reeditado em 27/08/2015
Código do texto: T5361073
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