VEM NOVA VIDA!
Estava na curtição de morar fora, fazendo cursinho pré-vestibular (acredito que hoje seria pré-enem), quando recebi uma ligação.
_ Cinthya, nasceu!
_ Como assim, já?
_ É, nasceu a Bárbara!
É preciso dizer que naquela época, e nem faz tanto tempo assim, ainda não tínhamos acesso à ultrassonografia, portanto ainda não sabíamos o sexo do bebê até o nascimento. Era uma expectativa única.
Minha resposta foi:
_ Tô indo agora!
Era minha primeira sobrinha, fiquei tão feliz que parecia explodir por dentro.
Saí de casa correndo para a rodoviária, mas passei em uma loja e comprei uma linda boneca pra levar, fui de Vitória à Colatina em uma viagem que durou uns 20 séculos, pois o ônibus não percorria 180 quilômetros, mas um coração ansioso e aflito para conhecer aquela criança.
Cheguei já à tardinha e fui quase correndo até a maternidade para ver pela primeira vez aquela pituquinha. Foi amor a primeira vista. Tá bom, ela não era linda, mas era a coisa mais fofa do mundo pra mim.
Roubávamos tanto ela da casa de seus pais, que se ela ficasse um dia sem vir aqui, parecia um ano tal a choradeira que fazíamos com seus pais. Era amada e não mimada.
Brincávamos muito, e histórias não faltaram, como a do lobo mau, e ela muito metida dizendo que iria matar o lobo, etc., até que apertaram a campainha, e quando ela abriu a porta era o lobo, levou um susto tão grande que escalou a avó. Eu fui o lobo, e me arrependi a ponto de chorar pelo susto que ela levou.
Cresceu de repente. Estudou, namorou, casou, e agora me diz que vai ser mãe.
Passou rápido demais, nem vi que agora sou vó, mesmo que tia avó. O mundo girou, nem percebi, mea culpa!
Venha nova vida, venha com saúde, pois amor você já tem.