Um velho blusão desbotado

Sem minha querida sou um trapo na vida. E esta força estranha sempre me acompanha. Ali do lado um velho blusão desbotado que tem me acompanhado em todas campanhas e ele não pode acabar. Retratos de uma época que irei arrastando comigo. Um pequeno museu de todo o meu passado. Ali todo surrado com uma história completa contada que só ele sabe. Aquele blusão fica tão bem em mim, um perfil escancarado, pois mesmo suado ele me cheira bem.

E quando tudo acabou, tudo que ficou, olha ele ali na parede a sorrir pra mim. E se um dia ela voltar quando teus olhos nele bater, nem precisa dizer: olha nosso blusão ali! Ela o vestiu algumas vezes. Eu sei que ela muitas vezes se esqueceu de mim. Mas o blusão desbotado, nele está tudo amarrado e o nosso passado ali tudo nele pode ser uma poesia.

E uma força que vem do alto transforma essa estrada empoeirada em asfalto onde voaremos juntos. E lá em Paris onde o homem pela primeira vez conseguiu concretizar o seu sonho de voar. É lá naquele museu Rimbaud que o meu velho blusão eu vou pendurar.