"NEM CHEGOU DEZEMBRO" Crônica de: Flávio Cavalcante

NEM CHEGOU DEZEMBRO

Crônica de:

Flávio Cavalcante

Nem entramos ainda na Primavera e a sensação natalina já bate forte em mim. Não sei porque isso acontece. Todo ano nessa mesma época acontece a mesma coisa. Atribuo a minha infância que vivi intensamente todas as estações do ano. Outrora nós tínhamos esse direito de viver cada momento. A mesa era farta, meu pai apesar de ganhar muito pouco na sua profissão, nunca ouvi ele delatando momentos de crise no país como se ver cruelmente nos dias de hoje. As pessoas se confraternizavam com frequência. Os vizinhos se preocupavam com o bem-estar de outrem. Havia mais amor. Chegava a noite, cadeiras eram postas nas calçadas para bater aquele papo e se divertir contando piadas sadias e sem conteúdos pornográficos.

As festividades tradicionais eram intensas e cada uma com a sua riqueza de detalhes. Até a escola onde estudávamos, que deveria ser chata era motivo de festa também. Lembro-me bem dos sapatos que usávamos na escola. Conga, kichute ou mesmo o vulcabras para momentos mais formais. Não se ouvia falar em tênis. Eram duas férias de escola que tínhamos direito durante o ano. Uma delas era a do mês de Junho e o mundo já respirava fogos de artifícios, muitos balões no ar, fogueiras distribuídas em todas as casas para comemorar o dia dos três santos juninos. Santo Antônio, São João e São Pedro eram os homenageados.

Esse período de férias dava a sensação de libertação. O quintal da casa virava palco das brincadeiras saudáveis enquanto a matriarca anfitriã fazia a comida e cuidava da casa.

O inverno era intenso e gostoso. A chuva forte caindo no asfalto, vista pela janela lembrava alguns sapinhos pulando. Coisas da imaginação da criança. Quando não se inventava de tomar banho de bica nas calhas distribuídas nas casas. Eram momentos que na época vivida jamais conseguiríamos entender o quanto ia significar pra todos em tempos futuristas. Posso garantir que pra mim representa uma saudade tão gostosa de sentir que acho que deve ser esse o motivo de ter essa sensação tão prazerosa do Natal mesmo nem estando ainda na Primavera.

Estamos longe das festas de final de ano. O que sinto no meu interior é uma gostosa sensação de paz no ar. Num relance chego a sentir o cheiro das comidas e a preparação para logo mais estarmos todos reunidos em família. Acho que é um sentimento próprio de cada um. Fica indescritível relatar com veemência toda essa sensação gostosa.

Sei que nem chegou Dezembro ainda, mas sei também da minha felicidade de ter essa oportunidade de curtir essa sensação tão prazerosa com antecipação sentindo essa forte presença do espírito natalino e este habita firmemente em minha mente e em meu coração que chora de alegria e saudade.

Flávio Cavalcante

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 01/09/2015
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