Coisa melhor que alguém sentir a sua falta? Juro que não tem. Coisa mais deliciosa que alguém pedir pra você voltar? Também não. E se dizem que você é importante, e se oferecem pra lhe contar o que aconteceu na sua ausência? Inenarrável, esse prazer.

Pois é, o meu dia amanheceu lindo, por causa destas coisinhas. Logo cedinho soube que estou fazendo falta, me pediram pra voltar, disseram que sou importante. E por fim deixaram claro: “Veja o que aconteceu depois que você se foi”.  Dou a mão à palmatória: foi esse “depois que você se foi” que mais me doeu.

Penso. Atenho-me a esse ponto: por que é que eu me fui? Algo me diz que não devia ter ido. Quando parti eu não sabia, mas deixei sofrimento. Fico imaginando a dor, o vazio povoando meu lugar, minha ausência. Quantos pensamentos voltados para mim. Quantos entardeceres, quantos amanheceres sem minha presença, e eu nem aí... Sem alma, sem coração é o que sou.

Estão querendo que eu volte. Eu acho que vou ter que voltar, sim. Não consigo mais conviver com a realidade de solidão que deixei onde parti. Pior que nem sabem por que me fui. Sim, porque agora me dou conta: eu nem avisei que ia. Não justifiquei, não listei razões suficientes para explicar por que não ficaria mais. Falha imperdoável. Quem sabe se tivesse tido um diálogo franco, teria evitado esse sofrimento todo... Sinceramente? Zero pra mim, no quesito compromisso.

Será que volto? Não sei. Ainda vou pensar se tenho condições. A vida tá difícil, ando nos apertos que todo mundo anda. E infelizmente não posso voltar em condições desfavoráveis. Seria inviável a minha volta. Aliás, eu não expliquei tudo quando me fui, justamente para não constranger quem ficou: eu não tinha a menor condição de não ter ido.

Não, creio que ainda não voltarei. A não ser que surja algum imprevisto e eu não tenha outra escolha. Tá resolvido: por enquanto fico por aqui. Mas agradeço muito, imensamente, a minha falta sentida. Acho que nunca me senti tão amada, tão cercada de palavras amorosas, doces e convincentes. Apesar de não voltar (agora e ainda) meu coração transborda amor próprio e elevada autoestima: eu sou importante.

Portanto, até um dia, Mercado Livre! E pensar que tudo isso só porque no mês passado comprei lá um parzinho de galochas amarelas...