Requiem para uma camaleoa

Azul e ocre.Essa é a cor da Veneza imaginária que se torna real no final das tardes primaveris.Notei que também nossa bem amada Paraty tem essas cores nos mesmo finais de tarde mesmo que os olhos a mando do espírito queiram ver tudo em cinza.

Já te vi em tantas cores, noites caleidoscópicas, psicotrópicas sem um vintém de droga absorvida pela língua.

Se colocar-se a lembrar verá que amanheceu rosa bebe e anoiteceu laranja, passando por todos os tons de verde possíveis e imagináveis esquecendo-se que o mestre “Cazuza” dizia que era azul e amarelo como se adivinhasse a essência ou traduzisse o DNA daquele dia simples e tão complexo.

De tanto saber a arte disfarçou-se vestida de quimonos de seda tão coloridos quanto a noite de qualquer cidade chamada São Paulo ou Rio, e nas velas brancas portuguesas permaneceu estampada vermelha cruz de malta.

Admirei quando li em Goethe toda sua variedade ou quando vi os temperos usados por Van Gogh em cores com que ele, Deus já sem orelhas, compôs seu mundo.

Mas sinceramente minha doce camaleoa o que mais me tocou foi a sutil seda azul que envolve a maçã ou as casas em um azul quase inexistente azul que não há.

Sei que dentro de alguns dias serás um cata-vento verde e rosa a rodar , a rodar ao som dos bambas, e o sangue primitivo e escravo a bombar enchendo veias e órgãos de alegria , você é uma alegoria a mais deliciosa das paixões, tão momentânea.

Exagero que nada! Amizade lenta e infinita enquanto durar suas cores , enquanto for essa deliciosa aquarela que me inspirou o surrealismo, e a colorir as noites com versos.

Sei que sabe do que se trata enquanto buscas o realismos e mais disfarces, sei também que não ignoras o calar lento das bocas mágicas atrás de um pouco de realidade.