Homem

Olho-me no espelho e vejo algumas marcas do tempo.

Acho-me diferente, rosto sofrido e alegre ao mesmo tempo.

Abro um sorriso, não é o mesmo doutrora, nem os dentes tão brancos, nem o olhar tão límpido de antes.

Mas vejo um homem e não um garoto.

Sou eu mesmo, mas tão diferente e estranho para se olhar.

Senti um certo temor e respeito, até me olhei novamente meio que sem jeito.

Percebi que de certa forma estou na metade da vida, que sofri demais, me alegrei demais, sobrou demais, faltou demais, enfim, vivi intensamente até agora.

Mas hoje é diferente, pois não sinto mais a mínima vontade de provar nada para ninguém. A única vontade que sinto é de conhecer mais a mim mesmo e quem me criou. Saber de maneira mais investigativa e calma o motivo disso, da vida, do amar, do estar, do dividir, do porvir, da morte e da vida além terra.

Preparo meu café e aqueço água para meu chimarrão, no balcão da cozinha está meu tabuleiro de xadrez, o contemplo. Quantas batalhas já vividas, quantas possibilidades! Impressionante o que acontece quando se calcula errado. Impressionante as novas circunstâncias e possibilidades a cada movimento de peças.

A vida é como o xadrez. Todos, mesmo sem saber são enxadristas. Todos têm lutado, querendo ou não, jogando bem ou não, derrubando o rei ou não.

Vida. Xadrez. Combate. Arte.

O papo está bom, mas tenho que trabalhar, minha família sustentar, amar, gozar.

Meu café esfriou enquanto escrevi e a água do chimarrão ferveu, passou do ponto.

Vida, essa é a minha vida.

Christiano Buys

Christiano Buys
Enviado por Christiano Buys em 16/09/2015
Reeditado em 02/10/2015
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