SIM, EU FUI VER O SHOW DA MADONA

Por Mathias Gonzalez

Sim, eu e 20 mil pessoas que lotaram as dependências do Bell Centre no coração de Montreal, o maior ginásio coberto do Canadá e da América do Norte onde se realizam os mega espetáculos. O ginásio foi originariamente construído em 1993 para abrigar as disputas do hockey no gelo, o mais popular esporte dos canadenses. Durante o verão e primavera, no entanto, dá lugar aos grandes espetáculos, impossíveis de serem realizados em outro lugar. Foi no Bell Centre onde em 2008 Celine Dion, a célebre cantora canadense vendeu em apenas 6 minutos todos os ingressos para o show. Nem Madonna quebrou esse recorde pois, ainda havia muitas cadeiras sobrando no seu segundo show dessa temporada de setembro de 2015 que ela chamou de “Rebel Heart Tour” (Coração Rebelde).

A rebeldia, começou cedo. Marcado para as 20 horas, a diva norte-americana de 57 anos, 1,64 cm de altura e pesando menos de 60 quilos, só subiu ao palco as 21:30 minutos. Coisas de super estrela, que não está nem aí para o protocolo de pontualidade dos rígidos canadenses em matéria de horário. Embora comportadíssimos em seus assentos, a multidão de fãs e admiradores de grandes espetáculos como eu e o Bruno, um brasileiro gente boa que conheci casualmente no evento e estava na cadeira ao meu lado, começamos a vaiar e pedir (os mais ansiosos, a suplicar) que ela começasse o show quando já passava das 21 horas. “Que morram!!” Deve ter dito a cantora gargalhando profusamente no pomposo camarim.

Quando Madonna Louise Ciccone, mais conhecida como Madonna, que é compositora, atriz, dançarina, empresária e produtora musical e cinematográfica, mãe de quatro filhos, apareceu no palco com quase 200 metros de comprimento em forma de cruz com um imenso coração numa das pontas, a galera delirou, gritou e aplaudiu, especialmente os que estavam no gargarejo, perto do palco que desembolsaram 700 dólares por um ingresso. Ela brincou com o público, leu um cartaz feito a mão em que um fã pedia para fazer um “selfie” com ela, e prometeu que faria aquilo no final do espetáculo.

O show foi perfeito em todos os aspectos. Som, luz, cores, efeitos especiais, performances magistrais encenadas por bailarinos, acrobatas, atores e demais integrantes da banda. Madonna em alguns momentos até pareceu coadjuvante. Os telões mostravam detalhes das cenas para quem estava mais distante do palco com eu.

Durante quase duas horas cravadas, sem qualquer intervalo, a cantora trocou de figurino várias vezes, provocou todo o tempo, sempre irreverente e debochada, se vestiu de freira, fez pole dance sensual na cruz e aprontou uma verdadeira orgia na teatralização da Santa Ceia. Dentre as várias canções novas e conhecidas, cantou “Iconic” onde surge numa gaiola com Samurais e Gueixas. Em outra canção, intitulada “ Bitch I'm Madonna” ela faz uma performance magnifica com Gueixas AyaBambi. Cantando “Burning Up” , Madonna toca guitarra e em “Holy Water” a dona má, com perdão do trocadilho, coloca no palco freiras de calcinha fazendo pole dance, e ela própria faz a dança sensual pendurada em um crucifixo. Para completar o cardápio que faria tremer até o vanguardista Papa Francisco, encena a Santa Ceia com direito a Jesus negro com rastafári e tudo, sendo ela, Madonna o prato principal da festa sacrílega.

Depois da provocação direta e frontal aos ícones religiosos, ela adocicou e encantou o público com “Interlude” misturando elementos de “Messiah” interpretada com uma coreografia belíssima envolvendo panos brancos.

Nos poucos momentos de descanso de Madonna, os bailarinos que mais pareciam ter sido alugados do Cirque du Soleil (cuja Meca é Montreal), deslumbraram com acrobacias em varetas metálicas que se debruçavam sobre a plateia delirante. Outros, se jogavam de escadas em caracol, dançavam com lençóis mágicos e sobre plataformas de fogo, criando efeito quase psicodélicos, de incrível beleza.

Um dos momentos mais aclamados pelo público foi quando ela interpretou em francês, a canção “La Vie en Rose”, (A vida em Cor-de-Rosa) da célebre Edith Piaf. E ao fim de tudo, para arrebatar a plateia francamente quebecoise de Montreal, Madonna terminou o show envolta numa bandeira canadense cantando Holiday.

Holiday Celebrate – Feriado, comemore

Holiday Celebrate - Feriado, comemore

If we took a holiday – Se nós tirássemos um feriado

Took some time to celebrate – Tirássemos algum tempo para celebrar

Just one day out of life – Apenas um dia da vida

It would be, it would be so nice (chorus) – Isso seria tão legal.

Organização impecável. Sem tumultos, sem empurra-empurra, como manda a civilização do primeiro-mundo. Por isso estou aqui. Valeu o preço do ingresso pago, sem dúvida. Dos grandes espetáculos que já tive a oportunidade de assistir, esse é um dos melhores, no entanto, sem medo de errar, posso afirmar que apenas outro superstar superaria Madonna se estivesse vivo: Michael Jackson que tive o privilégio de assistir em um memorável show na Austrália em 1998. Mas ,Viva, Madonna!!

Mathias Gonzalez é psicólogo e escritor

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Montreal, Canadá, 10 de Setembro de 2015.

MGonzalez
Enviado por MGonzalez em 21/09/2015
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