Naquela manhã cinzenta

Naquela manhã cinzenta me deste um sorriso, e por alguns instantes pude contemplar as cores do paraíso.

Submerso no profundo mar azul dos teus olhos – que também seriam castanhos, ou ainda, tingido de todas as cores do arrebol – permaneci estático, tal qual um busto de bronze exposto às intempéries da ilusão.

Por um fugaz instante experimentei uma paz profunda, quase celestial. E vi passar toda a febre do mundo, como as nuvens de uma tempestade que inesperadamente mudam seu curso.

Num sobressalto, você deu um passo para trás. E mais um. O sorriso contornado pelo batom vermelho se desfez. Virou as costas e partiu, sem adeus. E naquele momento senti-me um tolo, atônito, perdido naquela manhã cinzenta.

* * *

Gurupi, 21 set 2015.

Glauber Ramos
Enviado por Glauber Ramos em 24/09/2015
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