ME PERDOA

Ela estava decidida a sair daquela casa naquele dia mesmo, arrumou as malas, disse em voz alta que não adiantava mais choro, que já dera muitas chances e estava cansada daquilo tudo.

Nelson, desesperado, não sabia mais o que dizer, já havia gasto todo o seu arsenal de palavras implorando para que Edna ficasse, disse umas mil vezes que estava arrependido, que não iria mais maltratá-la, que era tudo culpa do álcool e deixaria de beber, disse também, que largaria os vícios e os amigos do bar que ela tanto odiava, que não chegaria mais tarde em casa, que não sairia mais sem ela, que a ajudaria nos afazeres domésticos, seria um marido mais presente, que não se importaria mais com seus gastos e nem reclamaria das suas roupas curtas,enfim, faria tudo o que ela quisesse.

Edna estava mesmo decida a ir embora e abandonar aquela vida de submissão e entrega a quem não merecia, a quem lhe dava o devido valor, cansou, não valia mais a pena, bem que seus pais disseram que aquele sujeito não era pra ela.

Ela nem sabia para onde iria, não queria ouvir mais nada, só queria sair dalí o mais rápido possível, deixando para trás a maior desilusão de sua vida, queria respirar novos ares, sabia que a vida poderia lhe reservar coisas melhores, se outras mulheres conquistaram uma vida com dignidade, ela também conseguiria, pois não se achava melhor, nem pior do que ninguém.

Edna sempre ameaçou ir embora, Nelson acreditava que era só conversa fiada, que ela não saberia viver sem ele, só que, agora, não parecia ser só ameaça, a expressão facial da moça denotava sua decisão e, quando ela ficava com aquele ar de séria para tomar qualquer decisão sobre algo,era definitivo, sendo assim, percebendo ele que aquele ´´blá blá blá`` era inútil, tomou uma atitude mais forte, passou a bancar o melodramático, a chorar aquele seu característico choro de crocodilo implorando seu perdão, a suplicar e dizer que sem ela não saberá mais como viver, que não saberá mais o que fazer da vida, a moça, começou a se emocionar, tinha em mente que se aquele canalha lhe dissesse algo mais, se jogaria loucamente em seus braços, imediatamente, ela girou a maçaneta, puxou a mala mal arrumada e antes de bater violentamente a porta, ainda conseguiu ver a figura de um cafajeste de joelhos e com os braços estendidos em sua direção, dizendo, me perdoa.

GILMAR SANTANA
Enviado por GILMAR SANTANA em 27/09/2015
Reeditado em 27/09/2015
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