moradas

A casa tem um simbolismo tão forte, tão vital, estou aqui agora sozinha, porque os corpos que pareciam atrelados ao meu, de repente se foram.

Há um hiato que não consigo perceber quando ocorreu, foi em um tempo grande ou pequeno, foi num instante? As mudanças após um certo tempo nos parecem cortes repentinos, e as partes que se desprenderam formam agora um redemoinho de imagens, como um livro desfolhado cujas folhas se espalham pelo chão e que lemos ao acaso.

Se foram...um levado pela morte, e fica a porta de entrada querendo vê-lo entrar novamente, sorrir e largar sua maleta ao chão...

Outros foram morar em novo ninho, aqueles que primeiro moraram dentro de mim sem pressa de vir ao mundo e agora são gestados em um espaço sem fim onde eu não estou , nem sobre o qual tenho algum poder.

A minha casa pelas madrugadas insones canta um vento nas janelas e eu também regurgito manhãs e sons e risos nas memórias e que eventualmente suas vozes vêm me fazer companhia mas não há como prender novamente à árvore, os frutos que dela se desprenderam.

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 27/09/2015
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