Penuria.
Penuria.
Lá fora o sol é escaldante; aqui, protegido pelas palhas de Ouricuri que cobrem a paiada, ouço a orquestra das cigarras como se esta fosse a última de suas apresentações. E mesmo não tendo chovido já há mais de dois anos, percebo que nas veredas do sertão ainda tem vida, muita vida.
O estalar da vagem do mulungu se abrindo e jogando suas sementes no pó da terra, a trilha deixada pelo rato qoandu em busca de comida, e o tilintar dos guizos pendurados no pescoço dos caprinos, procurando folhas verdes de velame para lhes matar a fome; no coxo colocado ao pé do umbuzeiro um pouco d’água, só um pouco, o tanto certo que por hoje vai matar a sede dos poucos animais resistentes à grande seca que não se acaba, nem com as penitencias que fazemos.
Eu posso dizer que também sou resistente e acima de tudo retirante; não sei até quando, mas sou retirante como tantos outros desse flagelo que nunca se acaba.
Esse universo de tanta penúria é motivo de inspiração para os vários poemas que escrevo; vou compartilhar com vocês.
Por favor, sigam meus passos.