Carta à Mercadolina.
Que revolta é essa, Mercadolina? Por acaso algum transtorno habita teu coração?
De onde brotou essa composição de ânimo que te afugenta o bojo a ponto de desorientar-se diante o sistema solar?
Por que adiciona veneno em tua própria língua e despeja rancor em sua própria picada, sabendo que a deve seguir adiante?
O que te motiva e arrancar o esôfago e entregá-lo ao vórtice do horror?
Teus pacientes? Meu Deus, teus pacientes!
Poxa, haja santa paciência para tantos pacientes com dores de bocas! As dores da vida são tantas que o éter e o próprio oxigênio se transformam veneno letal!
Os pesadelos que outrora sonhados são os mesmos de quando você esteve acordada e não viu nada por estar obscurecida pela estupidez, Mercadolina!
Vá, minha querida, vá comprar um pedaço de felicidade que vende na banca da esquina ou na panificadora da dona Dorotéia, porém jamais se esqueça de olhar o prazo de validade!
Felicidades!
De teu grande e eterno amigo que hoje é uma parca fração de ódio!
Savok Onaitsirk, aquele que veio, viu e se deu mal!
Beijos na alma, Mercadolina!