UM CONTRATEMPO
Certa tarde, uma senhora, após longa espera, vê o ônibus se aproximar. Ao entrar, percebe que, como sempre, está superlotado. O que fazer? Tinha médico e não podia atrasar-se. Uma consulta pelo SUS não está nada fácil. Há uns seis meses, havia feito tal agendamento.
Um jovem cedeu-lhe o lugar. Mal se sentou, o rapaz que ficou ao seu lado, apresentou-se:
– Sou o Anjo da Morte. No bairro, além de me conhecerem, respeitam-me; sabem que tenho um currículo bom. Chego quebrando e batendo. Caso a senhora precise de meus serviços e só ligar e perguntar pelo “Anjo da Morte”. Na hora, sou avisado e, em segundos, estou no local.
A pobre senhora empalideceu e, num repente, levantou-se e disse:
– Moço, preciso descer.
Ele, um tanto desconfiado, levantou-se. Ela, apavorada, dirigiu-se à porta e gritou:
– Quero sair.
Nem bem o motorista abriu a porta, a senhora pulou do ônibus e, no momento em que o veículo pôs-se em movimento, ouviu-se:
– Amiga, não se esqueça de meus préstimos!