Muié Juizada
 
— Dona Maria! Tá lembrano de mim?
— Tô... Peraí... Não sei...
— Irso. Eu sô o Irso!
— Ah, sim, Wilson! Lembrei agora!
— É... Eu trabaiei fazeno a casa da senhora, né?
— Isso!
— Isso, não... Irso!  Naquele tempo eu inda era servente...
— Ah, não é mais?
— Ah, não... Agora  eu já pego casa sozinho. Cabei uma essa semana.
— Parabéns! Tá ganhando melhor, né?  Coisa boa!
— Ô! Miorô bem  meu ordenado...
— E a família?
— Os menino casaro, os dois. Já sô até vô.
— É mesmo? Que beleza!
— Pois é...
— A esposa?
— Larguemo. Ela vortô pra terra dela.
—Ah, que pena. Eram um casal bonito...
— Era nada. Só fingimento. Eu e a Concebida nunca se acertemo, só vivia...
— Só vivia...
— Mais pelos menino, né?
— Tá certo. O que  a gente não faz  pelos filhos, não é?
— É, assim que eles tomaro tamanho, a gente largô...
— Não arrumou outra companheira?
— Tô tentano, mas tá custoso...
— É mesmo?
— Tá demais...  Rumá uma muié quarqué é facim, mas do jeito que eu quero, né não...
— E que jeito cê quer, Wilson?
— Ah, uma muié juizada, né? Que  gosta das coisa de Deus...
— Ah!
— Eu até tô leno a Blíbia . Tô ino na igreja dos crente pra rumá uma boa cumpanhêra...
— É?
— É, poriquanto tô ino na El Shaddai..
— Deus Todo Poderoso!
— Pois é... Se eu num rumá arguém na El Shaddai, vô caçá  nas outra...